Reproduzo aqui um texto realmente ótimo que vi esses dias, pegando o link pelo facebook, citando algumas características que fazem um historiador ser um verdadeiro "partidão" para se casar. Como historiador, devo dizer que a pessoa que se casar com a gente, além de ter alguém super antenado e de mente aberta ao seu lado, dificilmente faltará assunto para todos os momentos. São tantas as qualidades do historiador, vale a pena ler...
1. Nunca vai faltar assunto.
Historiador sempre tem uma história pra contar, é legal quando você tem um “figura” do seu lado que tem a cabeça ampla pra as mais diferentes conversas, assuntos, papos, e uma opinião formada mesmo daquilo, ele nunca terá problemas em ser “social” mesmo que seja tímido, tem papo pra tudo.
O único problema é quando o historiador contrariar sua família toda naquele almoço de domingo dizendo que tudo que todo mundo disse tá absolutamente errado e estragar o almoço err…
2. Ele dificilmente irá julgar sua família, amigos, etc…
Estudamos todo tipo de civilizações e forma de viver dos seres humanos, então é mais fácil a gente se surpreender com eventos naturais óbvios do que com os “complexos” seres humanos, pra estudar todo tipo de forma de vida de um ser humano é necessário tentar compreender aquele estilo de vida.
Também jamais irá julgar você pela aparência, ainda mais se ele for fã da teoria da sociedade da imagem.
Então, por consequência quebramos preconceitos, se você namora um historiador fica tranquilo quanto a aquele primo anti-cristo, aquele amigo esquisito, normalmente nunca será julgado, agora quanto a parte de tirar sarro, er não garanto.
3. Todo tipo de regra imposta o historiador normalmente não dá a mínima.
Então se sua preocupação era quanto a onde vai ser o casamento, se você foi “crismada” ou não, que seja, pro historiador é o de menos, ele se importa com tudo menos com os esteriótipos, isso se ele não tiver uma alergia a catolicismo, então naturalmente o importante é que a união dê certo, então ele fará de tudo para que a união mesmo dê certo e dificilmente irá se importar com o preconceito do povo.
4. Se você acredita em outras vidas, o historiador já está pagando sua dívida.
Porque provavelmente ele é professor, então todos os atos ruins da vida passada provavelmente ele já está resgatando como uma boa pessoa.
5. Você será trocado, mas fique tranquilo.
Será no máximo por um livro do Karl Marx ou do Max Weber.
6. No natal, aniversário, dia dos namorados, etc, você não terá problemas em presenteá-lo.
Você sabe que se você der aquele livro que ele tava querendo DAQUELE AUTOR que ele adora provavelmente ele vai ter orgasmos múltiplos de felicidade.
Ou então dê uma estatuazinha do deus Osíris, ou de Afrodite, qualquer coisa relacionada a mitologia que vai ter um ar de “uma pessoa que ama história mora por aqui” também é legal.
7. Ele tem pose de nerd mas isso não quer dizer que seja um.
E principalmente não quer dizer que ele seja certinho, quanto mais se estuda a humanidade menos afim de ser correto nos padrões da sociedade você fica, ele pode ser um capeta, mas tem aquela cara de pessoa certinha e esforçada, o que te poupa explicações, e ele sabe muito bem o que é ridículo pra sociedade e vai te poupar de certas vergonhas alheias.
8. Até os programas de índio vão ser interessantes pra ele.
Nada mais legal do que sentir na pele o que é ser uma sociedade livre do estado, sem regras, sem leis, sem naaada.
10. Não sabe em quem votar na eleição, pede um palpite pra ele!
Só não espere que ele vá sugerir que você vote em partido de direita, aliás se você votar em partido de direita será um motivo pra união ser questionada.
11. Ele pode parecer revoltado, anarquista, socialista, mas no fundo ele só quer o bem de todos.
Então você jamais estará do lado de uma pessoa individualista, pois como estudante de humanas ele sempre pensará no todo e não somente nele mesmo.
12. Quanto mais você estuda, mais medo de falar bobagem você tem.
Então pode contar com ele na hora de jogar na roda aquele assunto difícil, aquela lavação de roupa suja, normalmente ele vai ser bem cauteloso com as palavras, a não ser que você tenha testado demais o santo dele, ai eu já não garanto afinal, fazer história não é como fazer letras não é minha gente?
PS: Todo o crédito deste texto é do blog "I try but you see, it's hard to explain"
Abração!!!
Alessandro Santana
"Educação não transforma o mundo. Educação muda pessoas, e pessoas transformam o mundo". (Paulo Freire)
quarta-feira, 28 de dezembro de 2011
quinta-feira, 3 de novembro de 2011
Chaplin...
O caminho da vida pode ser o da liberdade e da beleza, porém nos extraviamos.
A cobiça envenou a alma dos homens... levantou no mundo as muralhas do ódio... e tem-nos feito marchar a passo de ganso para a miséria e morticínios.
Criamos a época da velocidade, mas nos sentimos enclausurados dentro dela. A máquina, que produz abundância, tem-nos deixado em penúria.
Nossos conhecimentos fizeram-nos céticos; nossa inteligência, empedernidos e cruéis. Pensamos em demasia e sentimos bem pouco.
Mais do que de máquinas, precisamos de humanidade. Mais do que de inteligência, precisamos de afeição e doçura. Sem essas virtudes, a vida será de violência e tudo será perdido.
(O Último discurso, do filme O Grande Ditador - Chaplin)
terça-feira, 20 de setembro de 2011
Meu nome é Rambo, John Rambo!
Os mais novos talvez tenham apenas ouvido falar, mas quem curte o cinema dos anos 80 com certeza conhece a história do soldado americano John Rambo, interpretado por Sylvester Stallone.
Esqueça as "verdades" sobre Chuck Norris, elas certamente foram inspiradas em Rambo, aquele que sozinho quase venceu a guerra do Vietnã e destruiu o exército soviético no Afeganistão, armado basicamente com seu arco-e-flecha (com o qual derruba até os mais cascudos helicópteros), sua metralhadora e um punhal.
No cinema, Rambo incorpora a ideia do soldado espartano perfeito, que não sente dor, frio ou calor, e é uma verdadeira máquina de matar a favor de seu país. "Soldado do futuro", "trilogia Jason Borne" e Capitão América (HQs são mais antigos que qualquer um desses) são alguns exemplos de super soldados projetados para mostrar ao mundo a supremacia do exército americano.
Exceto o último, rodado provavelmente devido à pindaíba financeira de Stallone, todos os outros 3 foram produzidos durante a década de 1980, e estão impregnados ideologicamente do extremo patriotismo que dominou o período da guerra fria (1945 - 1989), sempre deixando como pano de fundo a "crueldade sem limites" do exército soviético.
Os dois primeiros filmes abordam diretamente a questão da guerra do Vietnã (1959 - 1975) onde os EUA sofreram sua mais pesada e vergonhosa derrota - o Iraque vai trilhando o mesmo caminho, pra se tornar um flash back versão séc. XXI do Vietnã, com longas e caras batalhas tendo como prêmio um número de baixas entre os soldados americanos. É preciso lembrar que durante a guerra fria, EUA e URSS não chegaram a ter um confronto aberto mas se enfrentaram indiretamente em todos os conflitos, guerras civis e ditaduras que pipocaram no mundo em toda 2° metade do séc. XX.
Em "Rambo, programado para matar" (1), há um tom de injustiça no ar, como se o heroísmo americano tivesse perecido frente à imensa crueldade dos "vietcongs", guerrilheiros vietnamitas, e dos soviéticos. Acabado o connflito, ele volta para casa, mas fora criado para a guerra e é somente lá que sabe viver.
Esta ideia fica ainda mais forte em "Rambo 2: a missão", quando é destacado para voltar à selva vietnamita, teoricamente, com o objetivo de fotografar prisioneiros americanos em poder dos soviéticos.
Entretanto, algo dá errado e ele é abandonado à própria sorte em meio a batalhões de soviéticos e vietcongs. Vindo de um filme americano, o final é previsível... Rambo não apenas detona os exércitos inimigos após ser brutalmente torturado, salva os prisioneiros, rouba um helicóptero e atravessa o país até a Tailândia para caçar o oficial amercano que o havia abandonado. Ufa...
Não podemos esquecer também a grande amizade entre Rambo e o coronel Trautman, seu antigo superior. É por ele que no 3º filme se mete na disputa entre EUA e URSS pelo controle do Afeganistão, no final dos anos 80. Pra você ter uma ideia, com o objetivo de não deixar o Afeganistão cair em mãos russas, os EUA treinaram e deram armas a diversos grupos guerrilheiros, entre eles o de Osama Bin Laden.
Mas quem precia de Bin Laden quando se tem... John Rambo! Com incrível facilidade, invade e destrói um ultra protegido QG soviético, detona o exército e ainda salva seu amigo Trautman.
Hoje soam extremamente irônicas as referências que o filme faz às atrocidades cometidas pelos russos no país, a exortação que aparece ao final: "em homenagem à bravura do povo afegão". Pense no caos que já estava o Afeganistão, e a situação ainda pior que se tornou com a invasão americana em 2001. Se o povo afegão já não era livre, hoje é muito menos. O que prevalece é a violência e a hipocrisia...
Grande abraço a todos!
Alessandro Santana
Esqueça as "verdades" sobre Chuck Norris, elas certamente foram inspiradas em Rambo, aquele que sozinho quase venceu a guerra do Vietnã e destruiu o exército soviético no Afeganistão, armado basicamente com seu arco-e-flecha (com o qual derruba até os mais cascudos helicópteros), sua metralhadora e um punhal.
No cinema, Rambo incorpora a ideia do soldado espartano perfeito, que não sente dor, frio ou calor, e é uma verdadeira máquina de matar a favor de seu país. "Soldado do futuro", "trilogia Jason Borne" e Capitão América (HQs são mais antigos que qualquer um desses) são alguns exemplos de super soldados projetados para mostrar ao mundo a supremacia do exército americano.
Exceto o último, rodado provavelmente devido à pindaíba financeira de Stallone, todos os outros 3 foram produzidos durante a década de 1980, e estão impregnados ideologicamente do extremo patriotismo que dominou o período da guerra fria (1945 - 1989), sempre deixando como pano de fundo a "crueldade sem limites" do exército soviético.
Os dois primeiros filmes abordam diretamente a questão da guerra do Vietnã (1959 - 1975) onde os EUA sofreram sua mais pesada e vergonhosa derrota - o Iraque vai trilhando o mesmo caminho, pra se tornar um flash back versão séc. XXI do Vietnã, com longas e caras batalhas tendo como prêmio um número de baixas entre os soldados americanos. É preciso lembrar que durante a guerra fria, EUA e URSS não chegaram a ter um confronto aberto mas se enfrentaram indiretamente em todos os conflitos, guerras civis e ditaduras que pipocaram no mundo em toda 2° metade do séc. XX.
Em "Rambo, programado para matar" (1), há um tom de injustiça no ar, como se o heroísmo americano tivesse perecido frente à imensa crueldade dos "vietcongs", guerrilheiros vietnamitas, e dos soviéticos. Acabado o connflito, ele volta para casa, mas fora criado para a guerra e é somente lá que sabe viver.
Esta ideia fica ainda mais forte em "Rambo 2: a missão", quando é destacado para voltar à selva vietnamita, teoricamente, com o objetivo de fotografar prisioneiros americanos em poder dos soviéticos.
Entretanto, algo dá errado e ele é abandonado à própria sorte em meio a batalhões de soviéticos e vietcongs. Vindo de um filme americano, o final é previsível... Rambo não apenas detona os exércitos inimigos após ser brutalmente torturado, salva os prisioneiros, rouba um helicóptero e atravessa o país até a Tailândia para caçar o oficial amercano que o havia abandonado. Ufa...
Não podemos esquecer também a grande amizade entre Rambo e o coronel Trautman, seu antigo superior. É por ele que no 3º filme se mete na disputa entre EUA e URSS pelo controle do Afeganistão, no final dos anos 80. Pra você ter uma ideia, com o objetivo de não deixar o Afeganistão cair em mãos russas, os EUA treinaram e deram armas a diversos grupos guerrilheiros, entre eles o de Osama Bin Laden.
Mas quem precia de Bin Laden quando se tem... John Rambo! Com incrível facilidade, invade e destrói um ultra protegido QG soviético, detona o exército e ainda salva seu amigo Trautman.
Hoje soam extremamente irônicas as referências que o filme faz às atrocidades cometidas pelos russos no país, a exortação que aparece ao final: "em homenagem à bravura do povo afegão". Pense no caos que já estava o Afeganistão, e a situação ainda pior que se tornou com a invasão americana em 2001. Se o povo afegão já não era livre, hoje é muito menos. O que prevalece é a violência e a hipocrisia...
Grande abraço a todos!
Alessandro Santana
sexta-feira, 22 de julho de 2011
Isso é sertanejo, cara-pálida?
“É preciso amor pra poder pulsar, é preciso paz pra poder sorrir, é preciso a chuva para florir... Cada um de nós compõe sua própria história, cada ser em si carrega o dom de ser capaz, de ser feliz...”♫♪ (Renato Teixeira / Almir Sater – Tocando em frente)
Graças a meu pai, cresci ouvindo música sertaneja, cantores como Sérgio Reis, João Mineiro e Marciano, Almir Sater, Liu e Léo, entre tantos outros. É simplesmente impossível ouvir a música “filho adotivo”, especialmente na voz de Sérgio Reis, e não lembrar de meu velho pai, falecido há alguns anos, pois era uma de suas favoritas. Aliás, música sertaneja raiz sempre é fonte para boas lembranças.
Sempre me encantou o som da viola, a simplicidade e a sabedoria das modas que falavam sobre coisas do mundo caipira, umas mais tristes, outras até engraçadas. Clássicos da cultura popular!
Não dá para a gente pensar em “cultura” como algo engessado, parado no tempo e que será sempre a mesma coisa. Ao contrário, está em constante transformação, sempre mesclando o elemento tradicional (que é transmitido durante gerações) com as características da sociedade do presente, que se diz moderna. Entre outras coisas, cultura é uma constante e dinâmica fusão entre presente e passado.
A música sertaneja, como manifestação cultural, também está inserida neste contexto de transformações. Entretanto, cabe aqui uma reflexão, se o que a mídia chama hoje de “sertanejo”, com seus arranjos ultra modernos, músicas pasteurizadas e cantores sem a menor identificação com o mundo rural ainda contém a essência daquela música antiga de quem herdou nome do gênero musical.
Primeiro, devo dizer que não tenho absolutamente nada contra o “sertanejo universitário” e as outras vertentes recentes do gênero (como versões misturadas com pagote, tecno e funk) e tampouco quero denegrir quem canta e quem ouve. Respeito acima de tudo. Aliás, algumas músicas são bastante agradáveis e, particularmente, gosto muito do som de César Menotti & Fabiano, Vitor e Léo, entre outros, e me sinto hipnotizado pela voz e o sorriso da belíssima Paula Fernandes.
Luan Santana, por exemplo, é um garoto que por onde passa arrasta milhares de fãs - adolescentes em sua imensa maioria, um fenômeno da indústria musical que arrecada muito dinheiro com shows, cd/dvd, etc. Não dá pra dizer que Luan Santana é um cantor sertanejo... Ele é, no mínimo, uma versão cowboy e menos colorida do Restart.
Perceba como funciona esta indústria de mídia, que a todo momento dita o que é moda ou não, quais são os cantores e bandas do momento e quais são os ultrapassados. Cada uma destas “duplas sertanejas” – como João Bosco & Vinícius, Fernando e Sorocaba, ou cantores solos – Luan Santana, Michel Teló, entre outros; normalmente tem 1 ou 2 músicas que tocam incessantemente nas rádios, nos programas de tv e fazem uma verdadeira lavagem cerebral. Agora pare para analisar o conteúdo das letras e perceba que todas elas seguem um mesmo padrão, falam praticamente a mesma coisa. Isso é uma música pasteurizada.
Lembro-me dos anos 90, onde o que se ditava como moda era o pagode, e houve um surto de bandas meteóricas que chegaram ao sucesso com a mesma velocidade com que sumiram. Alguém ainda se lembra de grupos como Molejo, PO Box, Karametade ou Só no sapatinho (este último tinha como vocalista o filho do ex-jogado Zico), entre tantos outros? Pois é, é exatamente assim que funciona a indústria de ídolos instantâneos, cada um atrás de seus 15 minutos de fama. Recomendo aqui a música “Jesse go”, um ótimo rock do Ultraje a rigor que fala justamente destes ídolos tão imediatos quanto descartáveis, aí vai o link (http://youtu.be/ajY57s3wr5s)
Este é um assunto que rende pano pra manga e pode ser tema de posts futuros, mas o mesmo fenômeno que escrevo aqui sobre o sertanejo pode ser observado em outros gêneros musicais, como samba e o rock. Afinal, Restart e bandas parecidas podem ser qualquer coisa, menos de rock. Alguém discorda de mim?
Alguém me explica, por favor, o que Cláudia Leite tem a ver com o “rock in rio”? Seria o mesmo que colocar Sepultura ou Ozzi Osborn num trio elétrico baiano... Tudo a ver!
Enfim, voltando ao assunto... se você curte estas variantes de sertanejo, proponho que conheça um pouco do trabalho de artistas como Renato Teixeira e Almir Sater e faça uma pequena análise de suas letras. Tenho certeza que irá se surpreender com uma grande riqueza de experiência e sabedoria, o que nossa música brasileira tem de melhor.
Alessandro Santana
quarta-feira, 4 de maio de 2011
Os supertimes e a globalização do futebol
Vivemos a era da globalização, sendo cada vez maior a interdependência entre os países. Vivemos um tempo de contradições, onde a noção de "fronteira" é objeto de conflitos dentro da "Aldeia global".
Ao mesmo tempo que não há limite para a circulação de dinheiro e informações, leis rigorosíssimas impedem a imigração e selecionam de forma eugênica quem pode ou não se estabelecer no país. Em tempos de crise econômica e ressessão, este conflito entre o cidadão nativo e o estrangeiro fica ainda mais evidente, com uma explosão de movimentos neofascistas, xenófobos e rascistas.
Neste sentido, o futebol se torna um grande espelho da sociedade. Na França há uma grande população vinda do continente africano, principalmente de ex-colônias francesas, gerando intensos conflitos. No entanto, um dos maiores ídolos da história do país é de família argelina, Zinedine Zidane. Na própria seleção nacional predominam jogadores negros, filhos de estrangeiros e naturalizados.
O mesmo acontece na Alemanha, berço do nazismo. Lá também há muitos conflitos entre grupos neofascistas e a população de origem turca, marcante no país. Entretanto, muitos turcos são destaques dos times da Bundesliga e até mesmo da seleção, como o jovem craque Ozil , contratado este ano pelo Real Madrid (ESP). Casos semelhantes ocorrem em vários outros países.
Perceba o tamanho da contradição: ao mesmo tempo que se esbraveja que o estrangeiro é culpado pelo desemprego e pela crise econômica, vibra-se com o gol que ele faz pelo time ou seleção. Durante várias temporadas o goleiro queniano Kameni foi destaque pelo Espanyol (ESP), sendo consagrado como um dos melhores jogadores da liga. Mas quando entrou em má fase, muitos jogadores começaram a jogar cascas de banana no campo, e a ofende-los com palavras racistas.
Torcedor passional ou criminoso?
No momento em que se limita a imigração, os clubes se tornam "seleções do mundo". Ano passado (2010) a Internazionale de Milão (ITA) foi campeã do mais importante torneio de clubes do planeta, a Champions League, sem ter nenhum jogador nascido na Itália dentro do time titular. Eram todos estrangeiros, de todos os cantos do planeta-bola.
Em praticamente todos os clubes de médio e grande porte da Europa, o número de forasteiros supera o de cidadãos nativos. Uma excessão é o Barcelona (ESP), que conta com um trabalho de formação de atletas muito eficiente e é a base da seleção espanhola, campeã mundial de 2010. É preciso ressaltar que o maior gênio recente do clube é um argentino de 23 anos, Lionel Messi.
Desta forma, clubes de países mais pobres, principalmente sulamericanos, se tornam meros exportadores de matérias-primas. Quem não se lembra do menino "Cacá", que mal apareceu no São Paulo FC e já foi vendido, a preço de banana, para o Milan (ITA), onde se tornou um dos melhores e mais caros jogadores do mundo. Ronaldo "fenômeno", Ronaldinho gaúcho e Alexandre Pato são apenas mais alguns exemplos.
Isso quando o menino sulamericano não se torna profissional no clube europeu, como no caso de Messi, garimpado por um dos olheiros do barça espalhados pelo mundo.
Assim, estes supertimes se tornam também grandes marcas globalizadas, arrecadando uma fabulosa quantia financeira com a transmissão de jogos e venda de produtos oficiais/licenciados ao redor do mundo, mobilizando multidões por onde passam.
Para finalizar, uma pequena reflexão sobre o sentido da "Copa do mundo" de futebol nos tempos da globalização. Desde que foir criada, em 1930, a Copa sempre foi essencialmente uma disputa entre nações, onde a cada 4 anos um típico nacionalismo se aflora, e o povo pinta as ruas, veste a camisa da seleção e canta o hino nacional com orgulho. O país inteiro para quase completamente em dias de jogos e todos ficam ligados na tela da tv, atentos a cada lance, até mesmo aqueles (as) que não entende absolutamente nada de futebol...
Entretanto, o que se verificou nas últimas Copas é que cada vez mais as seleções nacionais agem como os clubes, recrutando (nacionalizando) jogadores de diversas partes do mundo afim de aumentar suas chances de vitória. Na Copa de 2010 (África do Sul), por exemplo, havia 3 jogadores brasileiros naturalizados disputando por Portugal, 1 pelos EUA, 1 pela Alemanha, 1 pela Itália, 1 pelo Japão, além de ter o treinador da seleção dona da casa (C. A. Parreira).
Chegamos ao ponto de, numa partida entre Alemanha e Gana, ter um irmão Boateng representando cada país.
Vivemos uma era de extremos e contradições, onde praticamente tudo na sociedade tem um valor financeiro, incluse as relações pessoais, os nacionalismos e a identidade nacional.
Em tempo, apenas uma reflexão para complementar o texto. É no mínimo irônico que, somados os valores dos jogadores de Barcelona e Real Madrid, por exemplo, se tenha quase o PIB da Espanha, empobrecida pela crise econômica e endividada até o pescoço. Enorme paradoxo é estes clubes irem na contramão da maré, torrando dinheiro e arrecadando como nunca em meio a uma massa de desempregados. Sei não, mas poderia chegar o dia em que Messi e Cristiano Ronaldo serão vendidos para salvar a economia espanhola...
Siga-me no twitter! www.twitter.com/ale_historiador
Abraço!
Alessandro Santana
Ao mesmo tempo que não há limite para a circulação de dinheiro e informações, leis rigorosíssimas impedem a imigração e selecionam de forma eugênica quem pode ou não se estabelecer no país. Em tempos de crise econômica e ressessão, este conflito entre o cidadão nativo e o estrangeiro fica ainda mais evidente, com uma explosão de movimentos neofascistas, xenófobos e rascistas.
Neste sentido, o futebol se torna um grande espelho da sociedade. Na França há uma grande população vinda do continente africano, principalmente de ex-colônias francesas, gerando intensos conflitos. No entanto, um dos maiores ídolos da história do país é de família argelina, Zinedine Zidane. Na própria seleção nacional predominam jogadores negros, filhos de estrangeiros e naturalizados.
O mesmo acontece na Alemanha, berço do nazismo. Lá também há muitos conflitos entre grupos neofascistas e a população de origem turca, marcante no país. Entretanto, muitos turcos são destaques dos times da Bundesliga e até mesmo da seleção, como o jovem craque Ozil , contratado este ano pelo Real Madrid (ESP). Casos semelhantes ocorrem em vários outros países.
Perceba o tamanho da contradição: ao mesmo tempo que se esbraveja que o estrangeiro é culpado pelo desemprego e pela crise econômica, vibra-se com o gol que ele faz pelo time ou seleção. Durante várias temporadas o goleiro queniano Kameni foi destaque pelo Espanyol (ESP), sendo consagrado como um dos melhores jogadores da liga. Mas quando entrou em má fase, muitos jogadores começaram a jogar cascas de banana no campo, e a ofende-los com palavras racistas.
Torcedor passional ou criminoso?
No momento em que se limita a imigração, os clubes se tornam "seleções do mundo". Ano passado (2010) a Internazionale de Milão (ITA) foi campeã do mais importante torneio de clubes do planeta, a Champions League, sem ter nenhum jogador nascido na Itália dentro do time titular. Eram todos estrangeiros, de todos os cantos do planeta-bola.
Em praticamente todos os clubes de médio e grande porte da Europa, o número de forasteiros supera o de cidadãos nativos. Uma excessão é o Barcelona (ESP), que conta com um trabalho de formação de atletas muito eficiente e é a base da seleção espanhola, campeã mundial de 2010. É preciso ressaltar que o maior gênio recente do clube é um argentino de 23 anos, Lionel Messi.
Desta forma, clubes de países mais pobres, principalmente sulamericanos, se tornam meros exportadores de matérias-primas. Quem não se lembra do menino "Cacá", que mal apareceu no São Paulo FC e já foi vendido, a preço de banana, para o Milan (ITA), onde se tornou um dos melhores e mais caros jogadores do mundo. Ronaldo "fenômeno", Ronaldinho gaúcho e Alexandre Pato são apenas mais alguns exemplos.
Isso quando o menino sulamericano não se torna profissional no clube europeu, como no caso de Messi, garimpado por um dos olheiros do barça espalhados pelo mundo.
Assim, estes supertimes se tornam também grandes marcas globalizadas, arrecadando uma fabulosa quantia financeira com a transmissão de jogos e venda de produtos oficiais/licenciados ao redor do mundo, mobilizando multidões por onde passam.
Para finalizar, uma pequena reflexão sobre o sentido da "Copa do mundo" de futebol nos tempos da globalização. Desde que foir criada, em 1930, a Copa sempre foi essencialmente uma disputa entre nações, onde a cada 4 anos um típico nacionalismo se aflora, e o povo pinta as ruas, veste a camisa da seleção e canta o hino nacional com orgulho. O país inteiro para quase completamente em dias de jogos e todos ficam ligados na tela da tv, atentos a cada lance, até mesmo aqueles (as) que não entende absolutamente nada de futebol...
Entretanto, o que se verificou nas últimas Copas é que cada vez mais as seleções nacionais agem como os clubes, recrutando (nacionalizando) jogadores de diversas partes do mundo afim de aumentar suas chances de vitória. Na Copa de 2010 (África do Sul), por exemplo, havia 3 jogadores brasileiros naturalizados disputando por Portugal, 1 pelos EUA, 1 pela Alemanha, 1 pela Itália, 1 pelo Japão, além de ter o treinador da seleção dona da casa (C. A. Parreira).
Chegamos ao ponto de, numa partida entre Alemanha e Gana, ter um irmão Boateng representando cada país.
Vivemos uma era de extremos e contradições, onde praticamente tudo na sociedade tem um valor financeiro, incluse as relações pessoais, os nacionalismos e a identidade nacional.
Em tempo, apenas uma reflexão para complementar o texto. É no mínimo irônico que, somados os valores dos jogadores de Barcelona e Real Madrid, por exemplo, se tenha quase o PIB da Espanha, empobrecida pela crise econômica e endividada até o pescoço. Enorme paradoxo é estes clubes irem na contramão da maré, torrando dinheiro e arrecadando como nunca em meio a uma massa de desempregados. Sei não, mas poderia chegar o dia em que Messi e Cristiano Ronaldo serão vendidos para salvar a economia espanhola...
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Abraço!
Alessandro Santana
segunda-feira, 4 de abril de 2011
Tudo é História!: Dê voz de prisão ao Paulo Maluf que há em você!
Tudo é História!: Dê voz de prisão ao Paulo Maluf que há em você!: Dez entre dez brasileiros, se questionados, colocariam a corrupção como um dos maiores problemas do nosso país, se não o pior, pois dela decorrem todos os outros como a violência e a falta de condições dignas para a maioria da população....
sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011
Tudo é História!: Rocky Balboa!
Tudo é História!: Rocky Balboa!: Muito mais do que apanhar e ficar desfigurado por seus adversários, Rocky a todo momento apanha da vida, da descrença em si mesmo, porém, invariavelmente aguentando ao menos até o último round...
segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011
¡Viva la revolución! E agora, Egito?
"Toda revolução é improvável até tornar-se inevitável" (Leon Trotsky)
"As revoluções são a locomotiva da História" (Karl Marx)
Imagine um jovem de 15 anos, no auge da sua rebeldia, anciosamente esperando por sua "liberdade" aos 18. Mas 3 anos passam muito rápido e, de repente, já é maior de idade... E agora, o que fazer quando se é dono do próprio nariz e precisa arcar com as devidas consequências disto?
De certa forma, isto é o que acontece com a maioria das revoluções. Calma, já explico... rsrs
O povo é o motor e termômetro de toda revolução, e coisas realmente grandiosas podem surgir a partir da sua mobilização. Por isso, mais do que qualquer outra ameaça externa, a maior preocupação de qualquer governo sempre será seu próprio povo.
Mas não basta simplesmente se revoltar e derrubar o regime, é preciso, antes de tudo, ter um projeto de governo, pois o poder sempre domina e cega aqueles que não sabem o que fazer com ele, e a história está repleta de exemplos de revoluções e governantes que se perderam no meio do caminho, assim como muitos também se perderam na vida quando chegaram aos 18 e começaram a se achar "donos do mundo"... Ficou clara esta metáfora?
Em A revolução dos bichos, o inglês George Orwell faz uma metáfora dos descaminhos da Revolução Russa, criando uma fazenda onde os revolucionários animais, cansados de tanta exploração e maus tratos, expulsam os seres humanos e passam o poder para os porcos, que posteriormente se tornam tão cruéis e corruptos quanto os antigos donos da fazenda.
O mesmo George Orwell, um comunista convicto profundamente decepcionado com a União Soviética, também escreveu em outro livro, "1984": Não se impõe uma ditadura com o objetivo de salvaguardar uma revolução, mas já se faz a revolução visando estabelecer a ditadura. Neste mesmo sentido, a filósofa alemã Hannah Arendt afirma: Todo revolucionário se torna conservador no dia seguinte da revolução.
Isto é, o perigo das revoluções que conhecemos se transformarem em outros governos ainda mais cruéis existe quando os novos líderes se colocam como Messias, como salvadores da pátria e líderes insubstituíveis, quando se colocam acima da revolução e do próprio povo. Revoluções são necessárias, porém perigosas.
De fato não existe revolução sem povo, e até mesmo as "revoluções burguesas" (Inglaterra 1688, EUA 1766 e França 1789) foram frutos da insurreição popular. A questão é que, feito o movimento revolucionário, a classe burguesa assumiu o comando da situação e direcionou o processo para seu próprio benefício, brecando transformações que poderiam beneficiar os maiores responsáveis por eles estarem no poder. Em outras palavras, o povo fez a revolução, mas no meio do caminho perdeu o controle e ficou à margem de todo processo, substituindo uma tirania por outra.
Citando outro caso mais recente no Oriente Médio. Até 1979, o Irã era governado por um ditador que se autodenominava Xá (Rei, em persa) Reza Pahlevi, que governava segundo interesses dos EUA e da Inglaterra, deixando a população na mais absoluta miséria. Com o agravamento desta situação ganhou força, juntamente com a insatisfação popular, um forte sentimento de rejeição ao Ocidente, habilmente utilizado pela cúpula religiosa que tomou o controle da situação no país, o "Mulá" (Clero).
A partir de então, o país passou a ser uma "Teocracia" (governo onde a religião e o clero são a própria lei) e governado pela elite suprema de Aiatolás (maior autoridade muçulmana no Irã). Este "presidente" briguento que vemos nos noticiários, Mahamoud Ahmadinejad, na realidade é mera cortina de fumaça e fantoche dos verdadeiros donos do país, os Aiatolás. Apesar de serem importante contraponto à política de intervenção dos EUA no Oriente Médio, o povo paga um alto preço pela truculência e autoritarismo do governo.
Desta forma, é preciso olharmos com muito cuidado este momento extremamente delicado que vive o Egito, assim como o restante do mundo árabe, pois o processo todo ainda está em aberto e as antigas forças que dominavam o país não descansarão enquanto não controlarem de novo a situação.
No Egito, a cúpula do exército, profundamente envolvida na estrutura podre do ex-presidente Hosni Mubarak, foi quem assumiu a tarefa de conduzir o país para a "transição democrática", e são muitas as contradições: Um dos chefes da transição é o mesmo general que mandou o exército descer o porrete na população, acampada na Praça Tahir durante as manifestações. É possível confiar em tal sujeito? Com certeza não...
Mesmo não sinalizando para uma nova ditadura, é bom a juventude e o povo egípcio ficarem muito espertos, e assumirem papel de protagonistas da história, pois a verdadeira revolução não terminou com a queda de Mubarak, mas apenas começou. O povo tem que ficar atento à "qual" democracia estão sendo conduzidos pelos militares, e manter a pressão sobre o novo governo para que a revolução não pereça no meio do caminho e as coisas voltem a ser como antes, ou até piores.
Enfim, esta revolução só será complemamente vitoriosa se o povo assumir seu papel de protagonista e conduzir o processo, não tornar "divinos" os próximos líderes e cobra-los com toda força caso o governo descaminhe. A luta está apenas começando!
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Grande abraço!
Alessandro Santana
"As revoluções são a locomotiva da História" (Karl Marx)
Imagine um jovem de 15 anos, no auge da sua rebeldia, anciosamente esperando por sua "liberdade" aos 18. Mas 3 anos passam muito rápido e, de repente, já é maior de idade... E agora, o que fazer quando se é dono do próprio nariz e precisa arcar com as devidas consequências disto?
De certa forma, isto é o que acontece com a maioria das revoluções. Calma, já explico... rsrs
O povo é o motor e termômetro de toda revolução, e coisas realmente grandiosas podem surgir a partir da sua mobilização. Por isso, mais do que qualquer outra ameaça externa, a maior preocupação de qualquer governo sempre será seu próprio povo.
Mas não basta simplesmente se revoltar e derrubar o regime, é preciso, antes de tudo, ter um projeto de governo, pois o poder sempre domina e cega aqueles que não sabem o que fazer com ele, e a história está repleta de exemplos de revoluções e governantes que se perderam no meio do caminho, assim como muitos também se perderam na vida quando chegaram aos 18 e começaram a se achar "donos do mundo"... Ficou clara esta metáfora?
Em A revolução dos bichos, o inglês George Orwell faz uma metáfora dos descaminhos da Revolução Russa, criando uma fazenda onde os revolucionários animais, cansados de tanta exploração e maus tratos, expulsam os seres humanos e passam o poder para os porcos, que posteriormente se tornam tão cruéis e corruptos quanto os antigos donos da fazenda.
O mesmo George Orwell, um comunista convicto profundamente decepcionado com a União Soviética, também escreveu em outro livro, "1984": Não se impõe uma ditadura com o objetivo de salvaguardar uma revolução, mas já se faz a revolução visando estabelecer a ditadura. Neste mesmo sentido, a filósofa alemã Hannah Arendt afirma: Todo revolucionário se torna conservador no dia seguinte da revolução.
Isto é, o perigo das revoluções que conhecemos se transformarem em outros governos ainda mais cruéis existe quando os novos líderes se colocam como Messias, como salvadores da pátria e líderes insubstituíveis, quando se colocam acima da revolução e do próprio povo. Revoluções são necessárias, porém perigosas.
De fato não existe revolução sem povo, e até mesmo as "revoluções burguesas" (Inglaterra 1688, EUA 1766 e França 1789) foram frutos da insurreição popular. A questão é que, feito o movimento revolucionário, a classe burguesa assumiu o comando da situação e direcionou o processo para seu próprio benefício, brecando transformações que poderiam beneficiar os maiores responsáveis por eles estarem no poder. Em outras palavras, o povo fez a revolução, mas no meio do caminho perdeu o controle e ficou à margem de todo processo, substituindo uma tirania por outra.
Citando outro caso mais recente no Oriente Médio. Até 1979, o Irã era governado por um ditador que se autodenominava Xá (Rei, em persa) Reza Pahlevi, que governava segundo interesses dos EUA e da Inglaterra, deixando a população na mais absoluta miséria. Com o agravamento desta situação ganhou força, juntamente com a insatisfação popular, um forte sentimento de rejeição ao Ocidente, habilmente utilizado pela cúpula religiosa que tomou o controle da situação no país, o "Mulá" (Clero).
A partir de então, o país passou a ser uma "Teocracia" (governo onde a religião e o clero são a própria lei) e governado pela elite suprema de Aiatolás (maior autoridade muçulmana no Irã). Este "presidente" briguento que vemos nos noticiários, Mahamoud Ahmadinejad, na realidade é mera cortina de fumaça e fantoche dos verdadeiros donos do país, os Aiatolás. Apesar de serem importante contraponto à política de intervenção dos EUA no Oriente Médio, o povo paga um alto preço pela truculência e autoritarismo do governo.
Desta forma, é preciso olharmos com muito cuidado este momento extremamente delicado que vive o Egito, assim como o restante do mundo árabe, pois o processo todo ainda está em aberto e as antigas forças que dominavam o país não descansarão enquanto não controlarem de novo a situação.
No Egito, a cúpula do exército, profundamente envolvida na estrutura podre do ex-presidente Hosni Mubarak, foi quem assumiu a tarefa de conduzir o país para a "transição democrática", e são muitas as contradições: Um dos chefes da transição é o mesmo general que mandou o exército descer o porrete na população, acampada na Praça Tahir durante as manifestações. É possível confiar em tal sujeito? Com certeza não...
Mesmo não sinalizando para uma nova ditadura, é bom a juventude e o povo egípcio ficarem muito espertos, e assumirem papel de protagonistas da história, pois a verdadeira revolução não terminou com a queda de Mubarak, mas apenas começou. O povo tem que ficar atento à "qual" democracia estão sendo conduzidos pelos militares, e manter a pressão sobre o novo governo para que a revolução não pereça no meio do caminho e as coisas voltem a ser como antes, ou até piores.
Enfim, esta revolução só será complemamente vitoriosa se o povo assumir seu papel de protagonista e conduzir o processo, não tornar "divinos" os próximos líderes e cobra-los com toda força caso o governo descaminhe. A luta está apenas começando!
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Grande abraço!
Alessandro Santana
sábado, 12 de fevereiro de 2011
Power to the people: Vitória da Revolução egípcia!
Primeiramente, parabéns ao povo do Egito pela linda revolução que fizeram, tomando consciência da sua força e, com tenacidade ímpar, resistindo e lutando por vários dias contra o ditador Hosni Mubarak, que há 30 anos governava o país.
Tivemos o privilégio de acompanhar on line o nascimento e desfecho de um movimento popular sem precedentes no mundo árabe. Pela primaira vez na história, uma revolução foi assistida e comentada pela internet como se fosse um reality show. Temos o privilégio de ver a história acontecendo na nossa frente, de vivermos uma época de grandes transformações que logo estarão nos livros de história...
Acorde, a história está sendo escrita NESTE EXATO MOMENTO!
Sinal dos tempos de globalização, nunca sairá da minha memória a transmissão ao vivo de uma mega manifestação com mais de 1 milhão de pessoas, na agora mundialmente conhecida Praça Tahir (Cairo), feita pela Tv Al Jazeera, cujo link peguei pelo twitter. Fantástico!!!
Duas questões se destacam neste processo revolucionário, o papel da internet e das redes sociais como importante meio de difusão do movimento, e os rumos que o Egito e o mundo árabe tomarão após esta surpreendente vitória.
Em primeiro lugar, acredito que, após o Egito, talvez a própria ideia de revolução sofra transformações, jogando por terra alguns antigos conceitos de mobilização social por meio de líderes carismáticos e/ou populistas. Tenho ácidas críticas a Arnaldo Jabor, mas ele foi muito feliz ao observar que é a primeira revolução sem um líder como Lênin ou Che Guevara e Fidel Castro.
Segundo ponto, além do Egito, outros países com maioria muçulmana estão em ponto de ebulição, como Argélia, Marrocos, Jordânia, Líbia e Iêmen, contestando monarquias ou governos ditatoriais. Veja o infográfico no link ao lado (Em espanhol): http://migre.me
Ao tratar da onda revolucionária que tomou conta da Europa no séc. XIX, o historiador Eric Hobsbawm atribuiu o termo "Primavera dos povos". Estaríamos nós presenciando uma nova primavera dos povos, árabes muçulmanos? No momento em que este texto está sendo escrito, a Argélia também se prepara para um grande momento revolucionário! Vamos aguardar pra conferir...
Até aqui, o problema histórico das revoluções é o "Day After", isto é, os rumos tomados pelos novos governantes. Devido ao contexto histórico e à força demonstrada pela juventude, além é claro da conviente relação diplomática com os EUA, não acredito num governo radicalmente conservador, como no caso do Irã pós-1979.
Os militares assumiram o governo provisoriamente no Egito. Aqui no Brasil isso já aconteceu e não deu certo, pois o "provisório" dos militares durou de 1964 a 1985... Bom, como diz Hobsbawm, historiadores não são videntes, portanto, não são pagos para prever o futuro. rsrsrs
Esperemos para ver o desfecho dos próximos capítulos, com uma pontinha de inveja. Que esta força de mobilização social se espalhe pelo mundo e chegue aqui no Brasil, para que também nós derrubemos múmias que há tempos parasitam nossa política nacional.
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Grande abraço a todos!
Alessandro Santana
Tivemos o privilégio de acompanhar on line o nascimento e desfecho de um movimento popular sem precedentes no mundo árabe. Pela primaira vez na história, uma revolução foi assistida e comentada pela internet como se fosse um reality show. Temos o privilégio de ver a história acontecendo na nossa frente, de vivermos uma época de grandes transformações que logo estarão nos livros de história...
Acorde, a história está sendo escrita NESTE EXATO MOMENTO!
Sinal dos tempos de globalização, nunca sairá da minha memória a transmissão ao vivo de uma mega manifestação com mais de 1 milhão de pessoas, na agora mundialmente conhecida Praça Tahir (Cairo), feita pela Tv Al Jazeera, cujo link peguei pelo twitter. Fantástico!!!
Duas questões se destacam neste processo revolucionário, o papel da internet e das redes sociais como importante meio de difusão do movimento, e os rumos que o Egito e o mundo árabe tomarão após esta surpreendente vitória.
Em primeiro lugar, acredito que, após o Egito, talvez a própria ideia de revolução sofra transformações, jogando por terra alguns antigos conceitos de mobilização social por meio de líderes carismáticos e/ou populistas. Tenho ácidas críticas a Arnaldo Jabor, mas ele foi muito feliz ao observar que é a primeira revolução sem um líder como Lênin ou Che Guevara e Fidel Castro.
Segundo ponto, além do Egito, outros países com maioria muçulmana estão em ponto de ebulição, como Argélia, Marrocos, Jordânia, Líbia e Iêmen, contestando monarquias ou governos ditatoriais. Veja o infográfico no link ao lado (Em espanhol): http://migre.me
Ao tratar da onda revolucionária que tomou conta da Europa no séc. XIX, o historiador Eric Hobsbawm atribuiu o termo "Primavera dos povos". Estaríamos nós presenciando uma nova primavera dos povos, árabes muçulmanos? No momento em que este texto está sendo escrito, a Argélia também se prepara para um grande momento revolucionário! Vamos aguardar pra conferir...
Até aqui, o problema histórico das revoluções é o "Day After", isto é, os rumos tomados pelos novos governantes. Devido ao contexto histórico e à força demonstrada pela juventude, além é claro da conviente relação diplomática com os EUA, não acredito num governo radicalmente conservador, como no caso do Irã pós-1979.
Os militares assumiram o governo provisoriamente no Egito. Aqui no Brasil isso já aconteceu e não deu certo, pois o "provisório" dos militares durou de 1964 a 1985... Bom, como diz Hobsbawm, historiadores não são videntes, portanto, não são pagos para prever o futuro. rsrsrs
Esperemos para ver o desfecho dos próximos capítulos, com uma pontinha de inveja. Que esta força de mobilização social se espalhe pelo mundo e chegue aqui no Brasil, para que também nós derrubemos múmias que há tempos parasitam nossa política nacional.
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Alessandro Santana
sábado, 5 de fevereiro de 2011
O mundo dentro de um chip... mas que mundo?
O mundo inteiro dentro de uma CPU ou de um chip de celular, um planeta sem fronteiras vivendo uma “aldeia global”, passando a idéia de que a nossa amada Terra simplesmente encolheu. É este o discurso dos entusiastas do processo de globalização, principalmente dos que mais lucram com ele, isto é, os grandes capitalistas.
Se compreendermos globalização como uma forma de integração intercontinental, sua origem remonta ao século XVI, época das grandes navegações. No entanto, o que vivemos é resultado de uma profunda transformação do sistema capitalista, que após séculos chega ao seu auge com ares de juventude. É resultado direto da conjuntura bipolar que se configurou após a segunda guerra mundial (1939 – 1945), quando cá no ocidente os EUA espalharam e impuseram seu consumista american way of a life e suas indústrias. Com a dissolução da URSS, no anos 90, acabara-se o último contraponto à hegemonia estadunidense, conseqüentemente a consolidação do capitalismo e suas variações como principal modelo político-econômico.
Este é o cenário que hoje se apresenta a nós, onde não somos meros expectadores. Nos últimos vinte anos presenciamos a ascensão de um fator detonante de grandes revoluções, a Internet (Veja o caso do Egito, por exemplo). Por meio dela é possível estabelecer comunicação instantânea entre as mais diversas partes do globo, é o carro-chefe, face mais brilhante e atrativa da globalização. Aqui retomamos o “discurso oficial” apresentado acima, isto é, o do mundo sem fronteiras, com um questionamento: Qual mundo? O mundo dos países ricos ou o da massa miserável, produto enlatado da empresa capitalista? Trata-se de um processo praticamente irreversível, mas é preciso estarmos atentos, e principalmente compreender a dimensão que isto toma na nossa vida. Se todas as fronteiras foram mesmo derrubadas, por que então um protecionismo econômico cada vez maior das potências, enquanto seus produtos inundam os mais pobres. Não, não há fronteira para as industrias transnacionais, ou seja, as antigas multinacionais atualizadas ao mundo globalizado, que se instalam nas cidades com a mesma facilidade com que saem, aproveitando isenções, incentivos fiscais e mão-de-obra mais barata, deixando um rastro de desemprego. Isso para não falar da semi-escravidão praticada nos países asiáticos, por exemplo, que nem percebemos ao comprar um tênis Nike.
Não há fronteira para os grandes investidores, que aplicam seu bilionário dinheirinho nos mais diversos mercados de ações, arrastando o mundo para a mais terrível crise financeira desde a de 1929. Se a globalização tem um rosto humano, definitivamente não é o que lança cestas básicas de páraquedas no continente africano e acha que todos os problemas foram resolvidos.
Como afirma o geógrafo Milton Santos, é possível, não a interrupção deste processo de globalização, mas sim um novo modelo mais humano e justo, apesar de utópico. A partir do momento que deixarmos de acreditar e lutar pela justiça, aí sim a desigualdade se tornará irreversível.
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Grande abraço a todos!!!
Alessandro Santana
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