sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Tudo é História!: Rocky Balboa!

Tudo é História!: Rocky Balboa!: Muito mais do que apanhar e ficar desfigurado por seus adversários, Rocky a todo momento apanha da vida, da descrença em si mesmo, porém, invariavelmente aguentando ao menos até o último round...

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

¡Viva la revolución! E agora, Egito?

"Toda revolução é improvável até tornar-se inevitável" (Leon Trotsky)
"As revoluções são a locomotiva da História" (Karl Marx)

Imagine um jovem de 15 anos, no auge da sua rebeldia, anciosamente esperando por sua "liberdade" aos 18. Mas 3 anos passam muito rápido e, de repente, já é maior de idade... E agora, o que fazer quando se é dono do próprio nariz e precisa arcar com as devidas consequências disto?

De certa forma, isto é o que acontece com a maioria das revoluções. Calma, já explico... rsrs

O povo é o motor e termômetro de toda revolução, e coisas realmente grandiosas podem surgir a partir da sua mobilização. Por isso, mais do que qualquer outra ameaça externa, a maior preocupação de qualquer governo sempre será seu próprio povo.

Mas não basta simplesmente se revoltar e derrubar o regime, é preciso, antes de tudo, ter um projeto de governo, pois o poder sempre domina e cega aqueles que não sabem o que fazer com ele, e a história está repleta de exemplos de revoluções e governantes que se perderam no meio do caminho, assim como muitos também se perderam na vida quando chegaram aos 18 e começaram a se achar "donos do mundo"... Ficou clara esta metáfora?

Em A revolução dos bichos, o inglês George  Orwell faz uma metáfora dos descaminhos da Revolução Russa, criando uma fazenda onde os revolucionários animais, cansados de tanta exploração e maus tratos, expulsam os seres humanos e passam o poder para os porcos, que posteriormente se tornam tão cruéis e corruptos quanto os antigos donos da fazenda.

O mesmo George Orwell, um comunista convicto profundamente decepcionado com a União Soviética, também escreveu em outro livro, "1984": Não se impõe uma ditadura com o objetivo de salvaguardar uma revolução, mas já se faz a revolução visando estabelecer a ditadura. Neste mesmo sentido, a filósofa alemã Hannah Arendt afirma: Todo revolucionário se torna conservador no dia seguinte da revolução.

Isto é, o perigo das revoluções que conhecemos se transformarem em outros governos ainda mais cruéis existe quando os novos líderes se colocam como Messias, como salvadores da pátria e líderes insubstituíveis, quando se colocam acima da revolução e do próprio povo. Revoluções são necessárias, porém perigosas.

De fato não existe revolução sem povo, e até mesmo as "revoluções burguesas" (Inglaterra 1688, EUA 1766 e França 1789) foram frutos da insurreição popular. A questão é que, feito o movimento revolucionário, a classe burguesa assumiu o comando da situação e direcionou o processo para seu próprio benefício, brecando transformações que poderiam beneficiar os maiores responsáveis por eles estarem no poder. Em outras palavras, o povo fez a revolução, mas no meio do caminho perdeu o controle e ficou à margem de todo processo, substituindo uma tirania por outra.                                                 
                                                                                                                

Citando outro caso mais recente no Oriente Médio. Até 1979, o Irã era governado por um ditador que se autodenominava Xá (Rei, em persa) Reza Pahlevi, que governava segundo interesses dos EUA e da Inglaterra, deixando a população na mais absoluta miséria. Com o agravamento desta situação ganhou força, juntamente com a insatisfação popular, um forte sentimento de rejeição ao Ocidente, habilmente utilizado pela cúpula religiosa que tomou o controle da situação no país, o "Mulá" (Clero).

A partir de então, o país passou a ser uma "Teocracia" (governo onde a religião e o clero são a própria lei) e governado pela elite suprema de Aiatolás (maior autoridade muçulmana no Irã). Este "presidente" briguento que vemos nos noticiários, Mahamoud Ahmadinejad, na realidade é mera cortina de fumaça e fantoche dos verdadeiros donos do país, os Aiatolás. Apesar de serem importante contraponto à política de intervenção dos EUA no Oriente Médio, o povo paga um alto preço pela truculência e autoritarismo do governo.

Desta forma, é preciso olharmos com muito cuidado este momento extremamente delicado que vive o Egito, assim como o restante do mundo árabe, pois o processo todo ainda está em aberto e as antigas forças que dominavam o país não descansarão enquanto não controlarem de novo a situação.

No Egito, a cúpula do exército, profundamente envolvida na estrutura podre do ex-presidente Hosni Mubarak, foi quem assumiu a tarefa de conduzir o país para a "transição democrática", e são muitas as contradições: Um dos chefes da transição é o mesmo general que mandou o exército descer o porrete na população, acampada na Praça Tahir durante as manifestações. É possível confiar em tal sujeito? Com certeza não...

Mesmo não sinalizando para uma nova ditadura, é bom a juventude e o povo egípcio ficarem muito espertos, e assumirem papel de protagonistas da história, pois a verdadeira revolução não terminou com a queda de Mubarak, mas apenas começou. O povo tem que ficar atento à "qual" democracia estão sendo conduzidos pelos militares, e manter a pressão sobre o novo governo para que a revolução não pereça no meio do caminho e as coisas voltem a ser como antes, ou até piores.

Enfim, esta revolução só será complemamente vitoriosa se o povo assumir seu papel de protagonista e conduzir o processo, não tornar "divinos" os próximos líderes e cobra-los com toda força caso o governo descaminhe. A luta está apenas começando!

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Grande abraço!

Alessandro Santana

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Power to the people: Vitória da Revolução egípcia!

Primeiramente, parabéns ao povo do Egito pela linda revolução que fizeram, tomando consciência da sua força e, com tenacidade ímpar, resistindo e lutando por vários dias contra o ditador Hosni Mubarak, que há 30 anos governava o país.

Tivemos o privilégio de acompanhar on line o nascimento e desfecho de um movimento popular sem precedentes no mundo árabe. Pela primaira vez na história, uma revolução foi assistida e comentada pela internet como se fosse um reality show. Temos o privilégio de ver a história acontecendo na nossa frente, de vivermos uma época de grandes transformações que logo estarão nos livros de história...

Acorde, a história está sendo escrita NESTE EXATO MOMENTO!

Sinal dos tempos de globalização, nunca sairá da minha memória a transmissão ao vivo de uma mega manifestação com mais de 1 milhão de pessoas, na agora mundialmente conhecida Praça Tahir (Cairo), feita pela Tv Al Jazeera, cujo link peguei pelo twitter. Fantástico!!!


Duas questões se destacam neste processo revolucionário, o papel da internet e das redes sociais como importante meio de difusão do movimento, e os rumos que o Egito e o mundo árabe tomarão após esta surpreendente vitória.

Em primeiro lugar, acredito que, após o Egito, talvez a própria ideia de revolução sofra transformações, jogando por terra alguns antigos conceitos de mobilização social por meio de líderes carismáticos e/ou populistas. Tenho ácidas críticas a Arnaldo Jabor, mas ele foi muito feliz ao observar que é a primeira revolução sem um líder como Lênin ou Che Guevara e Fidel Castro.

Segundo ponto, além do Egito, outros países com maioria muçulmana estão em ponto de ebulição, como Argélia, Marrocos, Jordânia, Líbia e Iêmen, contestando monarquias ou governos ditatoriais. Veja o infográfico no link ao lado (Em espanhol): 

Ao tratar da onda revolucionária que tomou conta da Europa no séc. XIX, o historiador Eric Hobsbawm atribuiu o termo "Primavera dos povos". Estaríamos nós presenciando uma nova primavera dos povos, árabes muçulmanos? No momento em que este texto está sendo escrito, a Argélia também se prepara para um grande momento revolucionário! Vamos aguardar pra conferir...

Até aqui, o problema histórico das revoluções é o "Day After", isto é, os rumos tomados pelos novos governantes. Devido ao contexto histórico e à força demonstrada pela juventude, além é claro da conviente relação diplomática com os EUA, não acredito num governo radicalmente conservador, como no caso do Irã pós-1979.

Os militares assumiram o governo provisoriamente no Egito. Aqui no Brasil isso já aconteceu e não deu certo, pois o "provisório" dos militares durou de 1964 a 1985... Bom, como diz Hobsbawm, historiadores não são videntes, portanto, não são pagos para prever o futuro. rsrsrs

Esperemos para ver o desfecho dos próximos capítulos, com uma pontinha de inveja. Que esta força de mobilização social se espalhe pelo mundo e chegue aqui no Brasil, para que também nós derrubemos múmias que há tempos parasitam nossa política nacional.

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Grande abraço a todos!

Alessandro Santana

sábado, 5 de fevereiro de 2011

O mundo dentro de um chip... mas que mundo?


O mundo inteiro dentro de uma CPU ou de um chip de celular, um planeta sem fronteiras vivendo uma “aldeia global”, passando a idéia de que a nossa amada Terra simplesmente encolheu. É este o discurso dos entusiastas do processo de globalização, principalmente dos que mais lucram com ele, isto é, os grandes capitalistas.

            Se compreendermos globalização como uma forma de integração intercontinental, sua origem remonta ao século XVI, época das grandes navegações. No entanto, o que vivemos é resultado de uma profunda transformação do sistema capitalista, que após séculos chega ao seu auge com ares de juventude. É resultado direto da conjuntura bipolar que se configurou após a segunda guerra mundial (1939 – 1945), quando cá no ocidente os EUA espalharam e impuseram seu consumista american way of a life e suas indústrias. Com a dissolução da URSS, no anos 90, acabara-se o último contraponto à hegemonia estadunidense, conseqüentemente a consolidação do capitalismo e suas variações como principal modelo político-econômico.

            Este é o cenário que hoje se apresenta a nós, onde não somos meros expectadores. Nos últimos vinte anos presenciamos a ascensão de um fator detonante de grandes revoluções, a Internet (Veja o  caso do Egito, por exemplo). Por meio dela é possível estabelecer comunicação instantânea entre as mais diversas partes do globo, é o carro-chefe, face mais brilhante e atrativa da globalização. Aqui retomamos o “discurso oficial” apresentado acima, isto é, o do mundo sem fronteiras, com um questionamento: Qual mundo? O mundo dos países ricos ou o da massa miserável, produto enlatado da empresa capitalista? Trata-se de um processo praticamente irreversível, mas é preciso estarmos atentos, e principalmente compreender a dimensão que isto toma na nossa vida.  Se todas as fronteiras foram mesmo derrubadas, por que então um protecionismo econômico cada vez maior das potências, enquanto seus produtos inundam os mais pobres. Não, não há fronteira para as industrias transnacionais, ou seja, as antigas multinacionais atualizadas ao mundo globalizado, que se instalam nas cidades com a mesma facilidade com que saem, aproveitando isenções, incentivos fiscais e mão-de-obra mais barata, deixando um rastro de desemprego. Isso para não falar da semi-escravidão praticada nos países asiáticos, por exemplo, que nem percebemos ao comprar um tênis Nike.

Não há fronteira para os grandes investidores, que aplicam seu bilionário dinheirinho nos mais diversos mercados de ações, arrastando o mundo para a mais terrível crise financeira desde a de 1929. Se a globalização tem um rosto humano, definitivamente não é o que lança cestas básicas de páraquedas no continente africano e acha que todos os problemas foram resolvidos. 

  Como afirma o geógrafo Milton Santos, é possível, não a interrupção deste processo de globalização, mas sim um novo modelo mais humano e justo, apesar de utópico. A partir do momento que deixarmos de acreditar e lutar pela justiça, aí sim a desigualdade se tornará irreversível. 

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Grande abraço a todos!!!

Alessandro Santana