"Educação não transforma o mundo. Educação muda pessoas, e pessoas transformam o mundo". (Paulo Freire)
domingo, 13 de junho de 2010
Faixa de Gaza, a Cuba do oriente médio
1º de janeiro de 1959: Lideradas por Fidel Castro e Ernesto "Che" Guevara, tropas guerrilheiras avançam sobre Havana e depõe o ditador Fulgêncio Bastista. Estava consumada a Revolução Cubana.
O que foi feito a partir deste momento, com o objetivo de manter ou não a revolução, merece muito questionamento e reflexão. Entretanto, não podemos perder de vista o que era Cuba antes do movimento revolucionário, um país com imensos cassinos luxuosos e um povo vivendo na miséria extrema.
Imediatamente à revolução, com a intenção de sufocar o recém instalado governo de Fidel, os EUA impuseram a Cuba um vergonhoso embargo econômico e político, proibindo todas as nações que lhe deviam obediência de se aproximarem do país caribenho. Até hoje o embargo assola o governo cubano, e nem mesmo o "progressista" presidente Obama sequer cogitou acabar com ele.
Estas ações, implementadas pelo presidente Dwigth Eisenhower (1960) e posteriormente ampliadas por J. F. Kennedy (1962) tinham um claro objetivo: isolar o governo cubano, fazendo a população perder a confiança em seus líderes. Entretanto, quanto mais os EUA afastava Cuba do "mundo ocidental", mas ela se aproximava da URSS [o mundo estava em plena Guerra Fria], fazendo o tiro, de certa forma, sair pela culatra.
Israel, por sua vez, tem uma ligação milenar com a região da Palestina, pra onde por volta de 2000 aC, Abraão conduziu seu povo para uma terra prometida. No entanto, ao longo da história, esta área foi abandonada várias vezes pelo povo hebreu, seja propositalmente ou devido a guerras. Desta forma, ao longo de séculos, hebreus (ou judeus) viveram espalhados por diversas partes do mundo, sem um Estado propriamente dito.
Esta situação mudou drasticamente após a II guerra mundial, quando cerca de 6 milhões de judeus foram exterminados pelo governo nazista. Isso facilitou uma antiga reivindicação dos movimentos sionistas do EUA e da Europa, e a recém criada ONU, em 1948, criou o Estado de Israel. O problema é que a região já era habitada por árabes, que foram obrigados a sair para a entrada dos judeus.
É claro que essa saída não foi pacífica, e para a consolidação de Israel foi necessária um série de guerras contra os países vizinhos, até que no final dos anos 60 grande parte da região, que pertencia a árabes havia sido anexada. Assim, estes árabes que literalmente sobraram na história, ficaram dispersos em duas áreas ao entorno de Israel, a Cisjordânia e a Faixa de gaza. Observe o mapa abaixo:
Para complicar ainda mais a situação, em 2002 Israel começou a construção de um imenso muro separando toda a extensa fronteira da Cisjordânia. Lógico que essa atitude foi prontamente condenada por pessoas que ainda mantém certo grau de sanidade, mas teve total respaldo dos EUA. A ONU se omitiu.
Pois bem, voltemos à análise da situação da Faixa de Gaza. Lá havia uma relação extremamente conflituosa entre árabes mulçulmanos e judeus, tornando rotina a explosão de uma ou outra bomba em qualquer parte.
Em 2007, no entanto, um grupo paramilitar chamado Hamas venceu as eleições em Gaza com um discurso contra a ocupação israelense, sendo que no ano anterior, no Líbano, outro grupo radical árabe havia chegado ao poder, o Hezbollah. Líbano e Gaza, portanto, passaram a ser duramente bombardeados por Israel. O "mundo ocidental" classifica esses grupos como terroristas. Entretanto, é preciso pensar essa situação a partir de um ponto de vista mais amplo e com um questionamento: quem é MAIS terrorista nessa história, israelenses ou árabes?
Aqui entra nossa comparação de Gaza com Cuba. Da mesma forma que os EUA, com o objetivo de isolar e derrubar o governo Castro em Cuba, Israel em 2006 isolou Gaza em função do Hamas. Assim, a região, já miserável, teve suas condições de vida drasticamente pioradas. Imporante deixar claro que tudo isso teve apoio das potêcias ocidentais e a omissão da ONU, assim como nos anos 60.
Desde então, praticamente a única forma de subsistência da maioria da população de Gaza é através de doações, principalmente da comunidade muçulmana. No link (http://www.youtube.com/watch?v=mjZ_7NT1gyE) você encontra o vídeo do covarde ataque israelense a navios humanitários que para lá levavam mantimentos, no último dia 31 de maio, deixando dezenas de feridos.
Apesar de não ser notícia nova o embargo e a ocupação israelense, este fato "despertou" a mídia internacional. Os principais líderes mundiais, como Obama, Sarkozy (presidente da França), Lula, a ONU, entre outros, foram enfáticos em condenar o ataque. Poucas vezes na história o mundo viu tanta hipocrisia! Até agora muito foi dito e nada de concreto foi feito... Passados alguns dias, parece que todos se "esqueceram" do fato, reciclaram os jornais de ontem e a situação voltou a ser o que era, MISERÁVEL.
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Abração!
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Caro professor,
ResponderExcluirParece que terei que ler muito ainda para formar uma opinião decente sobre o assunto. Existem vários pontos de vista sobre a situação atual, por exemplo:
http://www.midiasemmascara.org/mediawatch/outros/11144-israel-teima-em-se-defender.html
http://www.midiasemmascara.org/artigos/internacional/oriente-medio/11148-gaza-e-os-incomodos-judeus.html
Conheço o Mídia Sem Máscara e sei que é considerado por muitos um portal "reacionário". A escolha foi proposital, para mostrar a divergência na abordagem de uma situação idêntica.
Agora, uma coisa é certa: a teoria defendida por muitos (principalmente conspiracionistas) de que "os judeus controlam a mídia" caiu por terra.
Jonas L.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirCaro Jonas Leandro,
ResponderExcluirCreio que houve um mal entendido, ninguém se apropriou de vossa conta. Sou um aluno do professor e sempre uso esta conta para comentar aqui no blog. Já usei-a aqui outras vezes:
http://tudoehistoriasjc.blogspot.com/2010/03/notas-importantes.html?showComment=1270070477317#c3065378538046045760
http://tudoehistoriasjc.blogspot.com/2010/03/galera-do-meirelles-esclarecimentos.html?showComment=1269123857195#c8884986019060961011
Como não sabia que havia outro Jonas no blog, achei que não seria problema usar minha conta padrão de Google. Espero ter esclarecido o problema.
Jonas Lemos.
Perdoe-me Jonas, foi uma incrível coincidência, eu achei que fosse caso de rakiamento de senha, irei remover o comentário, novamente desculpe-me.
ResponderExcluirHauhauhuahua, um tanto cômica essa situação! Jonas L. "Paradigma" é um grande amigo dos tempos da faculdade, Jonas L é um dos melhores alunos que tenho! HAHAHA!
ResponderExcluirUm dos assuntos que eu mais me interessei em pesquisar e aprender foi esse, onde na mídia é uma coisa, e fora é outra totalmente diferente! Essas coisas servem justamente pra vermos o tanto de hipócritas que existem pelo mundo...
ResponderExcluirMagnífico texto, Alessandro!
ResponderExcluirLembrei do nosso grande amigo Cadu e da sua camiseta do Hezbollah... kkkk....
Hahahaha Eu quero uma camiseta destas para mim também!
ResponderExcluirUma visão tanto quando esquerdista sobre o tema não acha não? como é bom jogar os 2 lados e quem tá lendo julgar o lado coerente não ficar militando como essas doutrinas vermelhas fazem e tenho dito.
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