terça-feira, 20 de setembro de 2011

Meu nome é Rambo, John Rambo!

Os mais novos talvez tenham apenas ouvido falar, mas quem curte o cinema dos anos 80 com certeza conhece a história do soldado americano John Rambo, interpretado por Sylvester Stallone.

Esqueça as "verdades" sobre Chuck Norris, elas certamente foram inspiradas em Rambo, aquele que sozinho quase venceu a guerra do Vietnã e destruiu o exército soviético no Afeganistão, armado basicamente com seu arco-e-flecha (com o qual derruba até os mais cascudos helicópteros), sua metralhadora e um punhal.

No cinema, Rambo incorpora a ideia do soldado espartano perfeito, que não sente dor, frio ou calor, e é uma verdadeira máquina de matar a favor de seu país. "Soldado do futuro", "trilogia Jason Borne" e Capitão América (HQs são mais antigos que qualquer um desses) são alguns exemplos de super soldados projetados para mostrar ao mundo a supremacia do exército americano.

Exceto o último, rodado provavelmente devido à pindaíba financeira de Stallone, todos os outros 3 foram produzidos durante a década de 1980, e estão impregnados ideologicamente do extremo patriotismo que dominou o período da guerra fria (1945 - 1989), sempre deixando como pano de fundo a "crueldade sem limites" do exército soviético.

Os dois primeiros filmes abordam diretamente a questão da guerra do Vietnã (1959 - 1975) onde os EUA sofreram sua mais pesada e vergonhosa derrota - o Iraque vai trilhando o mesmo caminho, pra se tornar um flash back versão séc. XXI do Vietnã, com longas e caras batalhas tendo como prêmio um número de baixas entre os soldados americanos. É preciso lembrar que durante a guerra fria, EUA e URSS não chegaram a ter um confronto aberto mas se enfrentaram indiretamente em todos os conflitos, guerras civis e ditaduras que pipocaram no mundo em toda 2° metade do séc. XX.

Em "Rambo, programado para matar" (1), há um tom de injustiça no ar, como se o heroísmo americano tivesse perecido frente à imensa crueldade dos "vietcongs", guerrilheiros vietnamitas, e dos soviéticos. Acabado o connflito, ele volta para casa, mas fora criado para a guerra e é somente lá que sabe viver.

Esta ideia fica ainda mais forte em "Rambo 2: a missão", quando é destacado para voltar à selva vietnamita, teoricamente, com o objetivo de fotografar prisioneiros americanos em poder dos soviéticos.

Entretanto, algo dá errado e ele é abandonado à própria sorte em meio a batalhões de soviéticos e vietcongs. Vindo  de um filme americano, o final é previsível... Rambo não apenas detona os exércitos inimigos após ser brutalmente torturado, salva os prisioneiros, rouba um helicóptero e atravessa o país até a Tailândia para caçar o oficial amercano que o havia abandonado. Ufa...

Não podemos esquecer também a grande amizade entre Rambo e o coronel Trautman, seu antigo superior. É por ele que no 3º filme se mete na disputa entre EUA e URSS pelo controle do Afeganistão, no final dos anos 80. Pra você ter uma ideia, com o objetivo de não deixar o Afeganistão cair em mãos russas, os EUA treinaram e deram armas a diversos grupos guerrilheiros, entre eles o de Osama Bin Laden.

Mas quem precia de Bin Laden quando se tem... John Rambo! Com incrível facilidade, invade e destrói um ultra protegido QG soviético, detona o exército e ainda salva seu amigo Trautman.

Hoje soam extremamente irônicas as referências que o filme faz às atrocidades cometidas pelos russos no país,  a exortação que aparece ao final: "em homenagem à bravura do povo afegão". Pense no caos que já estava o Afeganistão, e a situação ainda pior que se tornou com a invasão americana em 2001. Se o povo afegão já não era livre, hoje é muito menos. O que prevalece é a violência e a hipocrisia...

Grande abraço a todos!

Alessandro Santana