domingo, 19 de agosto de 2012

Era Vargas parte 1: Governo provisório, pero no mucho...

Os historiadores até hoje debatem se o que houve em 1930 foi um golpe ou revolução, mas fato é que neste ano um gaúcho baixinho muito invocado entrou triunfante no Rio de Janeiro, então capital do país, e mudou para sempre os rumos da política brasileira.

Chegando ao poder, Getúlio Vargas colocou fim a décadas de "república café-com-leite", quando presidentes de São Paulo e Minas Gerais se revezavam na presidência. 1929 é um ano decisivo pra gente entender os porquês dessa transição, pois para a eleição deste ano o paulista Washington Luis deveria indicar um presidente mineiro, mas rompeu com o pacto apoiando outro paulista, Julio Prestes. Assim, revoltada, a elite mineira se une aos estados do Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e da Paraíba, que se sentiam excluídos do poder, e lançam a candidatura de Vargas, tendo como vice o paraibano João Pessoa.

No entanto, como era de costume, as eleições foram as mais fraudulentas possíveis e terminaram com a vitória de Julio Prestes. A coligação derrotada, por sua vez, contesta os resultados e a cena política brasileira fica ainda mais tensa. Tudo isso piora ainda mais quando o vice de Vargas, João Pessoa, foi assassinado e a culpa cai sobre a turma do paulista Julio Prestes. Neste momento de indefinição, Getúlio Vargas marcha sobre a "cidade maravilhosa" com um poderoso exército - para a época, e começa a criar suas raízes no Palácio do Catete, de onde só sairia morto.

Ressentida pela perda de poder e status, São Paulo não aceita a derrota e volta a pegar em armas na Revolução Constitucionalista, em 1932, exigindo uma nova Constituição para o Brasil, além de eleições e limitação do poder de Vargas. Mesmo perdendo nos campos de batalha, os paulistas conseguem parte de suas reivindicações, uma nova Carta Constitucional é promulgada e Getúlio começa a exercer um mandato presidente, a partir de então com duração máxima de 4 anos.

A década de 1930, no entanto, não foi um período de tranquilidade em lugar nenhum. Como reflexos da crise de 1929 (iniciada com a quebra da Bolsa de Valores de Nova Iorque), por toda parte a cena mais comum era a de imensas taxas de desemprego, muitas dificuldades dos governos em pagarem suas dívidas e uma escalada cada vez maior do autoritarismo no mundo. Stalin, Hitler e Mussulini se fortaleciam na Europa, e Vargas acompanha tudo de perto, esperando também a sua oportunidade de se tornar ditador no Brasil.

To be continued...

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Independência... Ou morte?


"Independência ou morte!". Todos nós já ouvimos falar na escola de um heróico 7 de setembro de 1822, quando o valoroso D. Pedro I empunhou sua espada e nos libertou de Portugal. 


Romantismos históricos à parte, é preciso desconstruir alguns mitos, o primeiro deles, em relação a "como" aconteceu esse fato histórico. Segundo aponta a historiografia recente, o real 7 de setembro de 1822 pouco tem a ver com o retratado nesta tela de Pedro Américo (acima). D. Pedro e sua comitiva voltavam de Santos, onde o príncipe regente havia se encontrado com políticos e costurado alianças em favor da ruptura com Portugal. Voltavam ao Rio de Janeiro quando, dizem, uma tremenda dor em sua nobre barriga (talvez tenha abusado dos espetinhos de camarão à beira da praia), obrigou Pedro a fazer um pit stop às margens do riacho Ipiranga.

Neste momento, emissários de José Bonifácio, seu mentor político, e da princesa Leopoldina alcançaram a comitiva para entregar uma mensagem bombástica vinda da Europa, segundo a qual Pedro recebia um ultimato onde perdia todos os poderes de regente e deveria voltar urgente ao seu país. Ao ler, D. Pedro talvez tenha pensado "não quero voltar pra Portugal....". Pense no cenário. Ao invés de belos cavalos, suas montarias eram jumentos, mais apropriados aos desníveis e curvas do caminho; Ao invés de trajes de gala, vestiam algo parecido com guarda-pó; Aliás, até mesmo essa famosa comitiva era bem reduzida, não passando de umas 10 pessoas.

Isso é muito importante: 7 de setembro é apenas uma data simbólica, não havendo um heroico "grito do Ipiranga". Quem na realidade articulou e financiou a separação entre "Brasil" e Portugal foi José Bonifácio de Andrada e Silva, juntamente com os senhores de engenho do nordeste, a quem mais interessava o fim das relações coloniais. Como príncipe regente, D. Pedro vislumbrou no movimento golpista uma possibilidade de assumir o poder por aqui sem precisar se submeter às ordens de seu pai, por isso foi colocado à frente.

Entretanto, isso não desmerece o feito notável que foi a nossa independência. Com apenas 23 anos Dom Pedro precisou assumir a função de regente de um território que mais se parecia com uma bomba relógio, cheio de conflitos prestes a explodir. Em geral, no Brasil não se falava em ruptura com a metrópole, mas sim em manutenção da condição de "Reino Unido de Brasil, Portugal e Algarves", mas devido à truculência do parlamento português que insistia em querer recolonizar o Brasil, a completa separação acabou se tornando inevitável, e o então príncipe se viu na cabeceira do movimento.

Separar o Brasil de Portugal não deve ter sido tão difícil perto da tarefa mais difícil que estava por vir, construir um país do nada, que já nascia falido, controlar uma dezenas de conflitos internos e ainda defender o país de potências estrangeiras. Como diz Laurentino Gomes, tinha tudo pra dar errado! Sem dinheiro e sem exército, a coisa ia de mal a pior...

Com 24 anos, em 1822, o hiperativo, epilético, mulherengo ("demonão", como assinava suas cartas para a amante Marquesa de Santos. A vida pessoal amorosa de D. Pedro rende um post a parte...), autoritário e impulsivo Dom Pedro passou a acumular também a função de imperador, que exerceu de modo tão contraditório que já em 1831 precisou renunciar o trono, pois já não havia mais clima pra ele governar por aqui.

Pessoalmente, Pedro e José Bonifácio tinham um projeto de nação muito progressista para a época, como o fim da escravidão,o que acabou não se concretizando totalmente devido à incapacidade do imperador de se submeter ao parlamento e também aos conflitos de interesses entre as elites brasileiras. Outro ponto interessante da nossa independência é também o fato de que, mesmo com tantos conflitos separatistas pipocando em todas as regiões do país, o Brasil conseguiu manter uma unidade territorial, não se fragmentando como todos os outros países da América espanhola.

Você deve estar se perguntando, neste momento: "então esse 7 de setembro e o grito do ipiranga é uma grande mentira?". Eu te respondo: Mais ou menos. Mais do que nos separar de Portugal, era necessário criar uma nação e construir uma história - heróica - que justificasse este feito. Sem querer complicar muito, é o que a filósofa Marilena Chauí denomina "mito fundador". Como eu disse acima, a história real foi bem diferente daquela romanceada, mas nem por isso menos interessante.. Foi importante ficarmos "independentes" de Portugal? Claro que sim, isso é inegável. Entretanto, como você pode ver, isso foi um processo que pouco tem a ver com a heróica história tradicional tão propagada por professores e pela mídia.

"Independência" também é um termo um tanto questionavel, pois ficamos livres de Portugal, mas ficávamos cada vez mais dependentes dos interesses ingleses, e depois do $$$ dos EUA. Hoje o Brasil é independente? Mas isso já é uma outra história...

Abraços a todos!!!!

Alessandro Santana

ALUNOS DOS 8º ANOS: RESPONDAM NOS COMENTÁRIOS A SEGUINTE PERGUNTA E GANHE UM PONTO EM HISTÓRIA COM O PROFº ALESSANDRO: ESCREVA UMA FRASE EM ATÉ 140 CARACTERES RESPONDENDO À PERGUNTA "O QUE É INDEPENDÊNCIA PARA VOCÊ"? 

MAS ATENÇÃO, TEM QUE CAPRICHAR NA FRASE PRA ELA VALER O PONTO...

PS: NÃO ESQUEÇA DE SE IDENTIFICAR!