Fala pessoal!
Nós professores, em reunião, decidimos manter a paralização até a próxima 4ª feira (24/03), quando nos reuniremos novamente e decidiremos manter ou não a greve.
Estamos atentos ao que se resolverá na próxima terça (23/03), quando Paulo Renato irá à Assembléia Legislativa (onde ficam os deputados estaduais) e será mais uma vez chamado a negociar as atitudes autoritárias do seu governo. Caso não haja acerto, na sexta-feira, aproximadamente 100 mil professores irão ao Palácio dos Bandeirantes, que é de onde ele manda suas ordens estúpidas.
Fiquem atentos ao que se passa na tv e nos jornais, mas não acreditem em tudo. Estão mentindo descaradamente! O governo já está acuado, e então usa das armas mais baixas possíveis, como manipular e distorcer dados, mentir e amearçar professores.
Entretanto, tenho motivos para acreditar que essa paralização já está próxima do fim. Em primeiro lugar, apesar do secretário afirmar em todos os jornais que somente 1% estão parados, ontem 60 mil foram às ruas de SP protestar. Mesmo o fato do governador ir até a Assembléia para tratar da "greve", já indica que o assunto é bem sério. Eles também perceberam que não se pode maltratar professores e alunos e ficar por isso mesmo. Segundo alguns professores mais antigos, há muito tempo não havia tanta mobilização de uma classe que sempre foi bastante desunida.
Segundo, José Serra precisa sair do governo no início de abril para se candidatar oficialmente à presidência. Em 2006, Geraldo Alkmin saiu com São Paulo perdida nas mãos do PCC, resultado: Muitos votos a menos e que fizeram falta no final, contra o Lula. Portanto, Sair de cena com a educação parada é um péssimo negócio pra ele, que na campanha tentará construir uma imagem de governante experiente e competente. Desta vez, o tempo é inimigo deles!
É preciso ficar claro que ninguem gosta de fazer greve, pois todos saem com algum tipo de prejuízo. Nós, por exemplo, teremos os dias parados descontados, e só receberemos após as reposições. Isso já significa um baita rombo no orçamento... No entanto, é um momento em que não podemos nos omitir, pois como vamos formar cidadãos críticos e conscientes se nós mesmos vivemos alheios ao que nos acontece e não lutamos pelo que é nosso de direito?
Com relação a vocês, as aulas serão repostas aos sábados, de forma que todos tenham o mínimo prejuízo possível, em especial os do 3º ano, que terão vestibular e ENEM no fim do ano. Precisamos, acima de tudo, que vocês entendam a legitimidade do que estamos fazendo por vocês e por nós, e que lutar só contra uma imprensa mentirosa e grandes e poderosos grupos econômicos é muito mais difícil.
Quanto a mim, me coloco totalmente a disposição de vocês, utilizando todos os recursos possíveis para responder todas as dúvidas que surgirem.
Twitter: www.twitter.com/ale_historiador
Grande abraço a todos!
Bem, eu devo dizer que concordo com essa paralização, mesmo que ela não atinja o ponto desejado, por que eu acho que ficar parado não resolveria nada. Mas esse governador de MERDA vai fazer de tudo para que os professores também saiam muito prejudicados (claro que ele tambem não vai sair bem), e a Mídia, sendo tão virtuosa, vai apoiar nosso querido governador.
ResponderExcluirE, sobre o fato de estarmos perdendo aula (veja, eu não digo que não seja por uma boa razão), mas o sistema de reposição não é nada eficiente, e não é possivel a muitos professores estar a disposição aos sábados. E o sistema de ensino, com o Caderno do Aluno, tá uma maravilha. Estamos todos no céu. No lago de lava e enxofre. Ou seria fogo e enxofre?
Então, com todo esse problema no governo e na educação (que ja vem de muito tempo, mas se agravou com o Caderno do Aluno), eu recomendo o Apocalipse. Mas é só minha opinião, com um pouco de revolta.
Abraço
Pois é, concordo totalmente contigo! Sobre a ineficiência das reposições e sobre o caderninho medíocre. Não é à toa que SP é a 18º "melhor" educação do país...
ResponderExcluirEu também estou muito revoltado! Revoltado com professores que estão se lascando como todo mundo mas é incapaz de mexer a bunda da cadeira e fazer alguma coisa; revoltado com essa imprensa prostituta e com esse governo mentiroso.
Sei lá se vai dar em alguma coisa essa greve... provalmente vou me ferrar legal. Pelo menos vou dormir consciente de que tentei fazer alguma coisa, e que minha resposta vai ser bem dada na testa daquele picareta, na eleição...
Caro professor,
ResponderExcluirVeja esse vídeo se tiver estomago forte: http://www.youtube.com/watch?v=QtSG_OuKirc
Nossa, que beleza não? Eles mentem sem medo.
Depois que a raiva passa, percebemos que não há nada que se possa fazer. É duro, mas é a verdade. Sei que a greve é único recurso dos professores, mas creio que não surtira nenhum efeito prático.
É engraçado ver algumas pessoas criticarem o Serra, mas elogiarem, por exemplo, a Dilma. Criticar o Serra e elogiar a Dilma é trocar seis por meia-dúzia. Afinal, foi um político mesmo que disse: "Não passa, Tales Faria, um filete de água pura num cano de esgoto. O sistema que está aí é um cano de esgoto, a mim já sujou e sujou uma bandeira que o Brasil todo tinha como esperança e durante 25 anos ferveu, gritou em favor da ética e da moralidade pública. Se nós não mudarmos esse sistema, o próximo governo vai ser igual." - Roberto Jefferson - Fonte: http://www.rodaviva.fapesp.br/materia/140/entrevistados/roberto_jefferson_2005.htm
O jeito é ter calma, porque melhorar a educação no Brasil é utopia.
Bom Professor,
ResponderExcluiruma coisa que o senhor tem comentado muito pela internet e é a mais pura verdade é a mediocridade da imprensa. Tenho prestado bastante atenção jornais e etc. pra ver se aparece alguma novidade sobre a greve, e o que vemos é ABSOLUTAMENTE NADA! Não se fala quase nada sobre a greve, não se mostra o lado dos professores, dos alunos, ngm' tem coragem de desmentir aquela propagandinha sem-vergonha que o governo teve a pachorra de fazer sobre a educação. O pouco que vemos na mídia são as declarações do José Serra dizendo que " tudo está sob controle"... realmente é vergonhoso. Pois é, a greve continua não sendo o melhor caminho, mas não depende só dos professores, o aluno também deveria sair da apatia e protestar.
e ai fessor vim dar uma conferida no seu blog ta de parabens viu? nota 10
ResponderExcluirAlessandro, adorei sua iniciativa. Parabéns pelo blog! Concordo plenamente com você, realmente está na hora de darmos as mãos e dizer CHEGA para essa ditadura que estamos vivendo em pleno 2010.
ResponderExcluirAlessandro, ótimo texto!
ResponderExcluirRealmente, Serra está perdido com essa greve em meio a ano de eleição. Isso pode ser um ponto muito forte a favor de outros partidos.
Em meio a muitos professores existem aqueles que estão ali apenas por causa do salário no fim do mês, mas tambem existem aqueles que estão ali para formar cidadãos que tenham a capacidade de pensar e decidir seu futuro. Neste momento, é necessário haver união. Sem a união, não há força.
Mas, essa pouca união (pois deveria ter muito mais professores parados) já está surtindo efeito, levando Serra até a Assembléia Legislativa. Parabéns a vocês!
Pensar na melhoria da educação do país como utopia talvez seja exagero. Mas acho que para que a educação das crianças melhore, é preciso que a educação dos pais seja muito melhor. O esquema de ensino adotado por nosso município está bastante interessante. Estão cobrando muito mais a participação dos pais nos estudos das crianças e já mostra bons resultados. A participação dos pais é vista de perto pelo professor. Estou otimista com esse esquema.
Talvez no Estado seja mais dificil, pois o número de alunos é maior, tirando o fato de que quando se convoca uma reunião de pais só aparecem uns 5 no máximo, mas não é impossível. Basta organização e força de vontade.
Tenho admirado os chineses. Eles têm o controle de natalidade muito rígido, mas isso já tem surtido ótimo efeito. Com um filho, uma família se volta inteira na educação dele. São os pais e quatro avós (maternos e paternos) investindo nesta criança. Com certeza, será um adulto com muitas qualidades a oferecer. E isto eles já estão comprovando, basta analisar o crescimento deles em tão pouco tempo. Isso prova também o quanto o apoio familiar na questão educação é importante na formação de uma criança.
Melhorar a educação não é colocar dois professores na sala de aula, mas sim ter um professor na sala e dois em casa.
Com tudo isso, apoio essa greve e reforço a idéia de jamais votar nesse Serra!
Um grande abraço, Ale!
Bom, como disse uma das mentes mais brilhantes que este país jamais mereceu, Paulo Freire, "educação não transforma o mundo. Educação muda pessoas, e pessoas transformam o mundo".
ResponderExcluirTodos sabemos que qualquer mudança positiva em nosso país se dá a partir da educação, mas não podemos ficar esperando algum governo, nós é que precisamos ir à luta.
Outra coisa, por menor ou mais difícil que seja meu trabalho, se eu não for capz de ao menos tentar melhorar alguma coisa, com certeza não mereço ser chamado de "educador". Não sei se nasci pra isso, nem mesmo se quero continuar nesta profissão, mas a partir do momento em que entro na sala de aula, tenho um compromisso com minha consciência e com minha dignidade de formar mais do que alunos que sabem a matéria, mas cidadãos críticos e pensantes.
Não se pode mudar a realidade do mundo do dia pra noite, mas você pode tentar começar pela sua. É utopia querer uma educação de qualidade para todos, querer mudar o mundo? Claro que sim. Mas quem disse que é impossível com certeza nem tentou...
Caro professor,
ResponderExcluirtalvez eu tenha exagerado quando falei que seria utopia melhorar a educação no Brasil. O que quis dizer é que seria utopia mudar a educação através de ações próprias, vindas exclusivamente do povo. Para tanto são necessárias ações do governo, pois só o governo possui dinheiro e poder suficiente. E enquanto o mesmo estiver no atual esgoto, será impossível ver alguma mudança educacional de grande porte.
Utopias desse tipo fazem com que as pessoas acreditem que é possível mudar o país e o mundo, quando na verdade as situações reais a contradizem completamente, iludindo quem acredita nelas. Portanto, tais utopias são maléficas.
No marxismo, as utopias representam um modelo de sociedade perfeita, mas impossível de ser implementada no atual sistema econômico e político. A solução para alcançar tal utopia, segundo os marxistas, seria estabelecer uma revolução, onde os proletariados se uniriam contra a burguesia. Isso fica claro no seguinte trecho do Manifesto Comunista de Marx e Engels:
"Desaparecidas no curso de desenvolvimento as diferenças de classes e concentrada toda a produção nas mãos dos indivíduos associados, o poder público perde o carácter político. Em sentido próprio, o poder político é o poder organizado de uma classe para a opressão de uma outra. Se o proletariado na luta contra a burguesia necessariamente se unifica em classe, por uma revolução se faz classe dominante e como classe dominante suprime violentamente as velhas relações de produção, então suprime juntamente com estas relações de produção as condições de existência da oposição de classes, as classes em geral, e, com isto, a sua própria dominação como classe."
Também fica clara a intenção de estabelecer uma revolução na sociedade, no final do mesmo Manifesto Comunista:
"Numa palavra, por toda a parte os comunistas apoiam todo o movimento revolucionário contra as situações sociais e políticas existentes. Em todos estes movimentos põem em relevo a questão da propriedade, seja qual for a forma mais ou menos desenvolvida que ela possa ter assumido, como a questão fundamental do movimento."
Para Marx e Engels, a família seria um problema para revolução e portando deveria ser abolida:
"Supressão da família! Até os mais radicais se indignam com este propósito infame dos comunistas.
Sobre que assenta a família actual, a família burguesa? Sobre o capital, sobre o proveito privado. Completamente desenvolvida ela só existe para a burguesia; mas ela encontra o seu complemento na ausência forçada da família para os proletários e na prostituição pública.
A família dos burgueses elimina-se naturalmente com o eliminar deste seu complemento, e ambos desaparecem com o desaparecer do capital.
(...)
O palavreado burguês acerca da família e da educação, acerca da relação íntima de pais e filhos,torna-se tanto mais repugnante quanto mais, em consequência da grande indústria, todos os laços de família dos proletários são rasgados e os seus filhos transformados em simples artigos de comércio e instrumentos de trabalho."
A primeira coisa que se nota no Manisfesto, é que para Marx e Engels, os fins sempre justificam os meios. Em outras palavras, para alcançar uma maravilhosa utopia, vale tudo. Não é de se estranhar que Marx e Engels sejam declaradamente contra a moral. Segue novamente do Manifesto Comunista:
"As leis, a moral, a religião são para ele [o proletariado] outros tantos preconceitos burgueses, atrás dos quais se escondem outros tantos interesses burgueses."
É fácil perceber o que o "amor" a uma utopia pode fazer. O indivíduo chega ao ponto de achar que tudo é permitido para alcançar a "sociedade ideal". Trotski escreveu:
“O fim (a democracia ou o socialismo) justifica, em certas circunstâncias, meios como a violência e o homicídio.” (Leon Trotski, Moral e Revolução, 1936).
Note que no marxismo fica muito claro o apego a um futuro utópico. É por isso que estou utilizando-o como exemplo.
(continuação)
ResponderExcluirVeja que muitos marxistas atualmente confessam que as teorias de Marx falharam completamente no ocidente. Mas onde estaria o problema? Para estes, o problema não estaria na teoria, que seria perfeita, e sim na cultura ocidental. Isto é um absurdo completo, pois se uma teoria é incompatível com a realidade é a teoria que tem de mudar e não a realidade.
Sendo absurdo ou não, foi essa conclusão a que chegaram alguns filósofos marxistas, como Gramsci. Para eles, o socialismo só iria prosperar no ocidente quando a cultura ocidental fosse reformulada (e ela teria de ser reformulada, já que só assim alcançar-se-ia a utopia).
Bom, creio que já me alonguei demais nesse comentário, portanto paro por aqui. Sinta-se livre para apontar erros e questionar o que não ficou claro
Jonas L.