segunda-feira, 8 de março de 2010

"Avatar" e o olhar de um historiador


Apesar de superar todas as expectativas de bilheteria, sendo o maior fenômeno de todos os tempos - batendo o record de Titanic, também do diretor James Cameron - Avatar ficou devendo na na entrega do Oscar. O filme levou 3 estatuetas, perdendo os principais prêmios para Guerra ao terror, de sua ex-esposa Kathryn Bigelow.

Compreensivel a decisão da academia, pois Avatar foi um dos filmes mais caros da história, enquanto o filme de Bigelow, que traz um olhar crítico sobre a guerra do Iraque, teve de recorrer a recursos franceses, devido a falta de apoio dentro dos EUA, mas isso será assunto pros próximos posts...

A imensa maioria dos que assistiram Avatar em 3D, assim como eu, saiu impressionada com a riqueza de detalhes e a aventura que o filme nos reporta.

Na ficção, após a quase destruição da Terra, por nós mesmos, os humanos iniciam a exploração de um planeta distante, conhecido como Pandora, lá encontrando um tipo de rocha valiosíssima aqui na Terra. Para ter sucesso na empreita, devido a falta de condições de respiração, os cientistas criam avatares - como os que a gente usa na internet- capazes de viver e se locomover livremente pelo planeta.

É óbvio que na exploração da rocha entram em conflito com os Navi's, a população nativa, que inicia uma guerra contra o humano invasor na defesa de sua vida, simbioticamente ligada à natureza. Há aí, além de uma clara mensagem ambiental, uma fábula imperialista.

Experimente substituir Pandora pela América; Navi's por Maias, Incas, Astecas, Tupi, etc, e você enxergará as etapas e mecanismos da conquista e extermínio das comunidades americanas pelo europeu invasor. Assim como no filme, espanhóis, portugueses, ingleses e franceses mandaram seus cientistas e intelectuais para nos estudar, se colocaram como as potências portadoras da civilização que nos tirariam de nosso estado de "barbárie", invadindo e desrespeitando a cultura local.

Demonizados os povos daqui que resistiam à invasão, estava pronto o argumento para o extermínio destas populações, numa batalha com armas imensamente desiguais.

Pois é, Avatar também é uma aula de história! Pena que na realidade não tenha acontecido como no filme, onde com a ajuda das forças da natureza conseguem vencer o humano alienígena. Aqui ficou o triste saldo de milhões de mortos, e sociedades inteiras dilaceradas pela ganância e violência do europeu.

Abraço a todos!!!

Alessandro Santana

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