sábado, 19 de junho de 2010

Dê voz de prisão ao Paulo Maluf que há em você!


Dez entre dez brasileiros, se questionados, colocariam a corrupção como um dos maiores problemas do nosso país, se não o pior, pois dela decorrem todos os outros como a violência e a falta de condições dignas para a maioria da população.

Não somos os únicos e tampouco seremos os últimos a tratar desse tema. Talvez não na mesma escala, mas ela ocorre em todos os países do mundo, incluíndo os países "desenvolvidos" que nos servem de modelo.

Sabemos também que ela extrapola os limites da política, isto é, enquanto ficamos horas criticando nossos políticos - que nós mesmos escolhemos, fazemos as coisas mais absurdas no nosso cotidiano, tais como enganar os outros visando algum lucro ou benefício, furar filas, burlar uma ou outra regra, etc. A esse comportamento que nós chamamos carinhosamente de "jeitinho brasileiro", o historiador Sérgio Buarque de Holanda (pai do compositor Chico Buarque) atribuiu ao "Homem cordial". Segundo ele, os brasileiros usam essa máscara de cordialidade com o objetivo de conseguir tirar vantagem das mais diversas situações, mais que isso, também como uma forma de resistência às adversidades do dia-a-dia e dos sistemas políticos.

Em seu livro Raízes do Brasil, Sérgio Buarque procura compreender os traços históricos que formaram os brasileiros que somos hoje - recomendo a TODOS que leiam esse livro!. Para isso, busca no "estilo português" de colonização a origens de vários desses vícios. Compara o colonizador português ao espanhol, respectivamente o semeador e o ladrilhador, explicitando a total falta de planejamento urbano e econômico dos primeiros, sempre focados na exploração rápida e a qualquer custo.

Não me estenderei muito nesse ponto devido aos limites do blog, mas é por essa via que caminha o historiador, jurista, sociólogo e cientista político (Ufa... o cara é fera!) Raimundo Faoro. Em Os donos do poder, sua obra prima, mostra como esquemas de propinas, contrabandos e desvios de dinheiro, tão presentes nos nossos noticiários, também possuem raízes nos modos como o Brasil foi colonizado. Pra você ter uma ideia, era bastante comum pessoas venderem tudo em Portugal para comprar cargos de fiscais por aqui, pois o que compensava tal esforço não era a "remuneração" oferecida pela Corte, mas sim a participação no vistoso sistema corrupto colonial.

Essa explicação histórica da corrupção não pode, entretanto, servir de justificativa para a apatia do brasileiro frente à situação vergonhosa que vivemos. Ao invés de nos conformarmos com o "foi sempre assim", deveríamos pensar o que eu posso fazer pra mudar essa situação. Não é preciso que ninguém se sinta o próprio Zorro, mas que procure realizar a mudança a partir das pequenas coisas e atitudes, no nosso dia-a-dia.

Por isso o título desse post, inspirado na dissertação de uma aluna que tenho no 2º ano do EM. Analisando e propondo soluções para o problema da corrupção generalizada no país, com base nos pensamentos de Nicoloau Maquiavel (O príncipe) e Tomas Morus (A utopia), afirma que todos nós deveríamos ter um Thomas Morus dentro de nós, isto é, um bom senso que nos levaria a pensar as situações não sobre o prisma do lucro fácil, mas sim pelo da ética e da moral. Assim como não se começa uma casa pelo telhado, somente fazendo a nossa parte é que, a médio ou longo prazo, conseguiremos mudar a realidade do nosso país.

Me siga também no twitter: www.twitter.com/ale_historiador

Grande abraço!


domingo, 13 de junho de 2010

Faixa de Gaza, a Cuba do oriente médio




1º de janeiro de 1959: Lideradas por Fidel Castro e Ernesto "Che" Guevara, tropas guerrilheiras avançam sobre Havana e depõe o ditador Fulgêncio Bastista. Estava consumada a Revolução Cubana.
O que foi feito a partir deste momento, com o objetivo de manter ou não a revolução, merece muito questionamento e reflexão. Entretanto, não podemos perder de vista o que era Cuba antes do movimento revolucionário, um país com imensos cassinos luxuosos e um povo vivendo na miséria extrema.

Imediatamente à revolução, com a intenção de sufocar o recém instalado governo de Fidel, os EUA impuseram a Cuba um vergonhoso embargo econômico e político, proibindo todas as nações que lhe deviam obediência de se aproximarem do país caribenho. Até hoje o embargo assola o governo cubano, e nem mesmo o "progressista" presidente Obama sequer cogitou acabar com ele.

Estas ações, implementadas pelo presidente Dwigth Eisenhower (1960) e posteriormente ampliadas por J. F. Kennedy (1962) tinham um claro objetivo: isolar o governo cubano, fazendo a população perder a confiança em seus líderes. Entretanto, quanto mais os EUA afastava Cuba do "mundo ocidental", mas ela se aproximava da URSS [o mundo estava em plena Guerra Fria], fazendo o tiro, de certa forma, sair pela culatra.

Israel, por sua vez, tem uma ligação milenar com a região da Palestina, pra onde por volta de 2000 aC, Abraão conduziu seu povo para uma terra prometida. No entanto, ao longo da história, esta área foi abandonada várias vezes pelo povo hebreu, seja propositalmente ou devido a guerras. Desta forma, ao longo de séculos, hebreus (ou judeus) viveram espalhados por diversas partes do mundo, sem um Estado propriamente dito.

Esta situação mudou drasticamente após a II guerra mundial, quando cerca de 6 milhões de judeus foram exterminados pelo governo nazista. Isso facilitou uma antiga reivindicação dos movimentos sionistas do EUA e da Europa, e a recém criada ONU, em 1948, criou o Estado de Israel. O problema é que a região já era habitada por árabes, que foram obrigados a sair para a entrada dos judeus.

É claro que essa saída não foi pacífica, e para a consolidação de Israel foi necessária um série de guerras contra os países vizinhos, até que no final dos anos 60 grande parte da região, que pertencia a árabes havia sido anexada. Assim, estes árabes que literalmente sobraram na história, ficaram dispersos em duas áreas ao entorno de Israel, a Cisjordânia e a Faixa de gaza. Observe o mapa abaixo:


Para complicar ainda mais a situação, em 2002 Israel começou a construção de um imenso muro separando toda a extensa fronteira da Cisjordânia. Lógico que essa atitude foi prontamente condenada por pessoas que ainda mantém certo grau de sanidade, mas teve total respaldo dos EUA. A ONU se omitiu.

Pois bem, voltemos à análise da situação da Faixa de Gaza. Lá havia uma relação extremamente conflituosa entre árabes mulçulmanos e judeus, tornando rotina a explosão de uma ou outra bomba em qualquer parte.

Em 2007, no entanto, um grupo paramilitar chamado Hamas venceu as eleições em Gaza com um discurso contra a ocupação israelense, sendo que no ano anterior, no Líbano, outro grupo radical árabe havia chegado ao poder, o Hezbollah. Líbano e Gaza, portanto, passaram a ser duramente bombardeados por Israel. O "mundo ocidental" classifica esses grupos como terroristas. Entretanto, é preciso pensar essa situação a partir de um ponto de vista mais amplo e com um questionamento: quem é MAIS terrorista nessa história, israelenses ou árabes?

Aqui entra nossa comparação de Gaza com Cuba. Da mesma forma que os EUA, com o objetivo de isolar e derrubar o governo Castro em Cuba, Israel em 2006 isolou Gaza em função do Hamas. Assim, a região, já miserável, teve suas condições de vida drasticamente pioradas. Imporante deixar claro que tudo isso teve apoio das potêcias ocidentais e a omissão da ONU, assim como nos anos 60.

Desde então, praticamente a única forma de subsistência da maioria da população de Gaza é através de doações, principalmente da comunidade muçulmana. No link (http://www.youtube.com/watch?v=mjZ_7NT1gyE) você encontra o vídeo do covarde ataque israelense a navios humanitários que para lá levavam mantimentos, no último dia 31 de maio, deixando dezenas de feridos.

Apesar de não ser notícia nova o embargo e a ocupação israelense, este fato "despertou" a mídia internacional. Os principais líderes mundiais, como Obama, Sarkozy (presidente da França), Lula, a ONU, entre outros, foram enfáticos em condenar o ataque. Poucas vezes na história o mundo viu tanta hipocrisia! Até agora muito foi dito e nada de concreto foi feito... Passados alguns dias, parece que todos se "esqueceram" do fato, reciclaram os jornais de ontem e a situação voltou a ser o que era, MISERÁVEL.

follow me on twitter! www.twitter.com/ale_historiador

Abração!

Rocky Balboa!


Se um dia eu for chamado a fazer uma palestra motivacional um dos assuntos que com certeza falarei - além do impagável Joseph Climber, da "Companhia de Comédia os Melhores do Mundo" - será da trajetória de Rocky Balboa, interpretado no cinema por Sylvester Stallone. Superação é a marca que acompanha o "garanhão italiano" desde o primeiro filme, quando é um lutador que de repente se vê frente à grande chance da sua vida, ao sexto, quando já passando dos 60, retoma sua rotina de treinos para enfrentar um campeão mundial de pesos pesados odiado pelo público.

Muito mais do que apanhar e ficar desfigurado por seus adversários, Rocky a todo momento apanha da vida, da descrença em si mesmo, porém, invariavelmente aguentando ao menos até o último round.

Balboa e os adversários que enfrenta ao longo da sequência, como Apolo Creed (I e II), Clubber Lang (III) e o soviético Ivan Drago (IV) nos ensinam ainda que vencer é algo muito além do que ser campeão, pois de nada adianta a glória se ela é vazia de significado. Esta é claramente uma crítica ao "vencer a qualquer preço", também à ideia de que os fins justificam os meios (por não trazer Maquiavel para nosso texto?). 

Outra lição que também fica é o valor da família enquanto estrutura de qualquer pessoa. É nela, especialmente em sua esposa, Adrian, que Rocky sempre busca forças e onde o monstro dos ringues se revela um dedicado pai e um apaixonado marido. Bastante avariado pelos constantes golpes, é sempre Adrian a primeira a lhe dizer que sua vida vale mais do que todo dinheiro e fama do mundo.

O filme também é bem claro ao associar o sucesso dos atletas da URSS ao uso de esteróides, sendo que também os EUA são "recordistas olímpicos" em atletas pegos em exames antidoping. Se não tiver pelo menos um pouco de hipocrisia, não é filme americano!

Por fim, não poderia passar despercebido o contorno ideológico que ganha o 4º filme. Após ver seu amigo, Apolo Doutrinador, ser morto no ringue pelo lutador russo, o então atual campeão mundial Rocky Balboa é desafiado a uma revanche, só que desta vez em Moscou.

Rodado na década final da Guerra Fria, o filme tem o nítido objetivo de contrastar dois mundos distintos, o da liberdade e oportunidade (EUA) contra um frio e cruel país, onde as pessoas seriam vigiadas e controladas pela ditadura comunista (URSS).

Para se adaptar ao clima, Rocky vai treinar na Sibéria, sempre sob a vigilância dos agentes da KGB, o serviço secreto russo.

Rocky, usando bermuda com as cores da bandeira estadunidense, é odiado e xingado pelo público o tempo todo, sob os atentos olhares dos membros do Politiburo, o órgão central do governo soviético, enquanto leva uma baita surra. Entretanto, devido à sua fribra, até mesmo a platéia passa a gritar seu nome e, vencendo, é aplaudido em pé pelos figurões soviéticos.

Como eu disse, se não tiver hipocrisia não é um filme de Hollywood...

O que caracterizou o período da Guerra Fria (1947 - 1989) foi a disputa entre projetos de sociedade e entre os enormes egos de EUA e URSS. A mensagem do filme é clara: Nem mesmo a centralização de poder e o "jogo sujo" dos russos seriam capazes de vencer o poder de superação dos EUA.

Agora sim pra finalizar, uma pequena reflexão sobre o poder de transformação social do esporte. O exemplo de Rocky Balboa extrapola os limites do cinema, imitando casos reais como o do campeão Brasileiro Popó, que deixou uma infância extremamente pobre na Bahia para ganhar o mundo. No futebol também encontramos diversos casos de superação como o de Balboa, de atletas que com seu talento conquistaram inimaginável riqueza. Destes, alguns souberam aproveitar os tempos de fama, outros se perderam e voltaram para a pobreza, mas isso já é assunto para outro post...

Grande abraço!

Follow me os bons também no twitter: www.twitter.com/ale_historiador