
Na história do espanhol Miguel de Cervantes, Dom Quixote é um fidalgo idoso que, de tanto ler antigos romances de cavalaria, enlouquece e sai pela região de La Mancha imaginando viver as aventuras que antes havia lido nos livros.
Em sua louca jornada, ao lado do fiel escudeiro Sancho Panza e seu cavalo Rocinante, vive hilárias situações, lutando contra moinhos de vento pensando que são gigantes, salvando "lindas" donzelas em perigo, etc, porém sem nunca perder a fé de que está está fazendo um trabalho bastante útil e necessário, além de nunca duvidar que ainda podia haver bondade nas pessoas.
Na realidade, apesar da sátira de Cervantes aos romances cavaleirescos medievais, há também uma dura crítica a uma sociedade que insiste em classificar como "louco" qualquer um que ouse sair de seus medíocres padrões pré-estabelecidos.
É em momentos como este que penso se realmente vale a pena ser professor, se quero seguir nessa cruzada. Infelizmente vivemos em um país em que muito pouco se investe em educação, onde ela é sucateada e tratada sem o mínimo de respeito. Uma real valorização do professor vai muito além de melhores salários, passa invariavelmente por uma mudança de postura da parte de nossos governantes, de respeito a essa classe tão maltratada e tão necessária. Por mais otimista que eu seja, sinceramente, não espero uma mudança como essa nas próximas décadas...
Respeito também que falta da parte de muitos alunos, que também vivem reclamando da sorte por estudarem em escolas públicas, sendo visivelmente prejudicados tendo em vista alunos de particulares, mas que simplesmente abrem mão da oportunidade de aprender alguma coisa quando encontram um professor "Dom Quixote" querendo ensinar. Tão-somente o ignoram...
De quem é a loucura maior nesta questão, de um professor levando a sério sua profissão ou de um aluno que abre mão de seu direito de aprender? Difícil saber. Até onde nos levará nossa jornada "quixotesca", contra tudo e contra todos, rumo a uma educação decente e um país melhor? Só o tempo dirá...
Abraços
Alessandro Santana