segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Meia Noite em Paris...



Se você pudesse voltar no tempo e vistar algum tempo histórico diferente, pra onde e em qual época iria? São tantas opções que minha cabeça de historiador viajou de forma mágica durante cerca de 2 horas, enquanto assistia o filme "Meia noite em Paris", dirigido por Wood Allen.

Indicado para o Oscar de melhor filme em 2012 - vencido por "O artista", este filme propõe uma fascinante viagem não apenas pela Paris dos dias de hoje, mas principalmente pela efeverscência cultural da belle epoque do século XIX e dos anos 1920, quando nos bares e cabarés se poderia encontrar figuras como Pablo Picasso, Ernest Hamingway, Salvador Dali, T.S. Eliot e vários outros artistas e intelectuais que demarcaram para sempre seu lugar na história. É um exercício de imaginação.



Com uma trilha sonora leve e refinada, acompanhamos o conflito do escritor Gil (Owen Wilson), entre uma realidade infeliz ao lado da noiva, dos amigos pedantes que ela tem e sua família ricamente arrogante, e uma outra, ao mesmo tempo louca, improvável e real, junto com seus ídolos do passado, numa realidade há muito perdida. Com a badalada da meia-noite, para ser transportado para essa realidade, basta entrar em um carro antigo que o leva a um tempo-espaço mágico, na companhia de algumas das pessoas mais incríveis que já pisaram nesta Terra. Os figurinos e a fotografia também são excepcionais, realmente fantásticos, mostrando o contraste entre 3 épocas muito distintas.

Wood Allen também é muito feliz ao deixar no ar, inicialmente, uma imensa interrogação se aquilo vivenciado por Gil é uma alicinação de alguém que exagerou nos vinhos ou a fuga de um nostálgico dos problemas da sociedade atual, mas depois deixando claro que tudo é possível para aquele que imagina. O personagem de Gil é um "Don Quixote" recriado nos tempos modernos.

Outra questão levantada pelo filme é a ideia de que épocas passadas foram melhores e mais ricas que a atual. Gil anda pelas ruas parisienses de 2012 pensando em como eram no início do século. Entretanto, quando conhece e se apaixona por Adriana, ex-amante de Pablo Picasso e Ernest Hamingway, vivente dos anos 20, percebe que o grande sonho da garota era conhecer a Paris do século XIX, no início da época de ouro da cidade. Quando embarcam numa carruagem e e chegam a esta época, percebem que os artista de lá se miram e sonham com a Renascença, nos séculos XV e XVI.

Eu também sou assim, principalmente em relação a músicas. Sou fascinado por bandas antigas com músicas eternizadas, como Beatles, Pink Floyd, Scorpions, Legião Urbana, etc. Salvo pouquíssimas excessões, não há parâmetros para comparações entre gênios consolidados do passado e artistas em ascenção hoje. Em termos de rock nacional, por exemplo, o bom de hoje já era bom há décadas atrás, como Paralamas, Skank, Engenheiros do Hawaii, etc.

Pra finalizar, este filme deixou em mim a sensação de que tudo é possível dentro da minha imaginação, e me vi transportado assim como o escritor Gil, não apenas para a Paris dos anos 90, mas para Grécia e Roma da antiguidade, para o Egito dos faraós, para o império Inca no auge do seu poder... E você, pra onde iria?

Abraço!!!

Alessandro Santana

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

O que a ficção de X-men e Harry Potter tem a ver com a história...

Pra um observador dos anos 1960, os EUA terem um presidente negro poderia ser uma expectativa de um futuro muito distante e até impossível, pois chegavam ao auge as disputas raciais e pela primeira vez na história praticamente toda comunidade negra estava realmente mobilizada em torno de seus direitos. Esta luta, no entanto, era travada por caminhos e ideologias diferentes. Enquanto Martin Luther King pregava o diálogo e a saída pacífica com seu "I have a dream", o líder dos "Panteras negras" Malcolm X organizava uma poderosa milícia que, por meio de ações mais radicais, buscava direitos e liberdade para a população afro-americana.


Situação semelhante encontramos nos HQs e na trilogia de filmes X-men, relativa à comunidade "mutante". Enquanto todo o restante da humanidade os coloca como inimigos e tenta a todo custo eliminar as características que os fazem ser diferentes (qualquer semelhança com as leis de branqueamento e eugenia dos séculos XIX e XX não são mera coincidência), surgem 2 líderes que polarizam a resistência e a luta do povo mutante por vias distintas: Enquanto o pacifista Charles Xavier prega a tolerância e o diálogo entre Homo Sapiens e X-men, Erik Lehnsherr, conhecido por seu poder como Magneto, lidera o radicalismo como única saída diante do fracasso das negociações pacíficas, e da falta de credibilidade da humanidade.

Na realidade, esta reflexão pode ainda ser mais profunda. Tanto Xavier como Luther King tiveram infância e adolescência relativamente tranquilas, com boa situação financeira. Malcolm X e Magneto, por outro lado, vivenciaram desde cedo algo do pior que a vida pode oferecer, sejam elas tragédias familiares da vida real ou a passagem pelos campos de extermínio nazista do personagem fictício.

Um outro paralelo curioso entre ficção e realidade que pode ser traçado por algum cinéfilo ou qualquer outro observador mais atento é a semelhança entre o líder alemão Adolf Hitler e Lord Voldemort, o pior bruxo das trevas de todos os tempos na saga Harry Potter. Hitler absorveu as teorias eugenistas e de purificação racial em vigor na Europa desde o século XIX e as elevou à categoria de extermínio de "raças" humanas consideradas inferiores, pois esta seria a solução final para erradicar para sempre qualquer possibilidade de contágio delas com a raça ariana.

De forma semelhante agiu o vilão do mundo criado pela inglesa J. K. Rowling, que pregava o domínio completo do mundo pelos bruxos de sangue puro sobre os "trouxas" (não bruxos), iniciando uma grande guerra para atingir tal objetivo. Se Hitler tinha a SS e Gestapo para atuarem a seu favor, Voldemort tinha como trunfo os "Comensais da morte"...

Da mesma maneira que Hitler não era alemão, mas austríaco, e se recusou a lutar na guerra por seu país natal, depois assumindo o poder da Alemanha, o "Lord das trevas" abandonou seu nome de batismo, Tom Riddle e com ele sua metade completamente humana, para defender a nova ordem da raça de bruxos purificada.

Posso estar completamente equivocado, mas são paralelos curiosos que percebo entre o que é história e o que é ficção, sendo alguém completamente apaixonado por cinema e história. Há outras associações possíveis, basta deixar sua criatividade trabalhar livremente... O que mais eu poderia dizer, tudo é História!

Abraço!!

Alessandro Santana   

2012: O ano do fim do mundo... pra alguns.


Pouco depois da morte de Jesus Cristo, os apóstolos gritavam no deserto que logo o Messias voltaria para fazer o grande julgamento da humanidade. Com o tempo o tom imediatista foi deixado de lado e as previsões  estendidas a um tempo futuro, ainda incerto. No ano 1000, devido a um trecho da bíblia que "previa" a libertação de Satanás (gatinho da bruxa do 71 rsrsrs) após 1000 anos, houve comoção geral e um grande medo em torno da vinda do Anticristo. E o mundo não acabou...

Mais recentemente, todos se lembram dos anos 2000 / 2001 e a virada do 3º milênio, quando as teorias do apocalipse voltaram com força total, e muitos inclusive chegaram a se suicidar de medo... pra eles não tenho dúvida que o mundo acabou. Hoje a paranóia é em torno da data 21 de dezembro de 2012 e o possível fim do mundo.

 Resumindo, profecias apocalípticas sempre estiveram presentes ao longo da história, e o que une as une, sejam as medievais ou recentes, é uma visão muito limitada da realidade e uma imensa falta de capacidade de interpretação de textos, que leva a fundamentalismos religiosos e atitudes extremamente imbecis.


De fato os Maias foram o povo mais desenvolvido do continente americano antes e depois da chegada do europeu, no século XV, com imensos conhecimentos tanto em engenharia, matemática, astronomia, medicina, etc. Possuíam um calendário lunar, utilizado para marcação das estações do ano e épocas de colheita e outro com precisamente 365 dias. Eles habitaram regiões no norte da América Central e sul do México, locais extremamente frágeis geologicamente, o que causa com relativa frequência tremores de terra, furacões, tornados e tufões, e já há muitos séculos conseguiam se antecipar a estas catástrofes apenas com conhecimento e observação dos astros e da natureza, o que hoje os cientistas fazem com grandes equipamentos tecnológicos.

Desta forma, os Maias compreendiam a vida da Terra e deles próprios a partir de ciclos, e o ano 5.125 (5.125 anos e 36 dias) de seu calendário marcaria uma transição de Eras particularmente turbulentas. Segundo adaptações do calendário Maia para o nosso, esta data seria 21/12/2012, e isso bastou para que a imaginação de uns e a ingenuidade de outros fosse à velocidade máxima.

Perceba, em nenhum momento se pronuncia na sociedade Maia a expressão "fim do mundo", tampouco a ideia de um "juízo final". Isso fica a cargo do cinema de Hollywood e do mercado editorial, com romances explorando cada ponto da imaginação popular. Portanto, fique tranquilo, não sabemos o dia de amanhã e a menos que aconteça alguma tragédia, você verá o ano 2013 e ainda dará muita risada de todo esse povo com medo do apocalipse, assim como já rimos dos que acreditavam no fim do mundo em 2000.

Follow me os bons!! www.twitter.com/ale_historiador

Abraço!!

Alessandro Santana

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Concurso de bolsas ENEM / 2012


Se você ainda pensa que, porque é de escola pública ou não tem dinheiro, não pode fazer uma faculdade, pode tirar isso da cabeça! Há muitas possibilidades de bolsa pelo ENEM, mas é preciso estar preparado, e por isso é tão importante fazer um cursinho de qualidade. Ligue agora mesmo e agende sua participação no nosso concurso de bolsas / 2012, e venha estudar com a gente!!

Abraços!!

Alessandro Santana

sábado, 11 de fevereiro de 2012

2012 e a crise financeira mundial...

Em 2008, o mundo foi arrastado para uma séria crise econômica, a maior desde a grande quebra da bolsa de valores de Nova Iorque, em 1929. As razões para que ela acontecesse com tamanha intensidade são muitas, mas passam principalmente pela irresponsabilidade da governos e mega investidores, e pela falência do sistema econômico neoliberal.

Ainda tenho um exemplar da revista "Exame" de 2007, quando especialistas debatiam se as oscilações do mercado fincanceiro na época eram um mero ajuste técnico, já que nunca antes na história tinha-se ganhado tanto dinheiro com o mercado financeiro, ou o prenúncio de uma tempestade... E a tempestade veio no ano seguinte, avassaladora, promovendo quebras de bancos, empresas e Estados, espalhando o desemprego e a insegurança.

Não é por acaso que os maiores atingidos foram os mais ricos, e por tabela quem deles dependiam. Tudo estourou junto com a bolha imobiliária nos EUA e a globalização acelerou sua disseminação  por todo planeta. Em meio ao caos, Barack Obama surgiu para os americanos como um líder com possibilidade de  implantar as reformas sociais que o país tanto necessita, além de combater o desemprego recorde que assolava a população.

Passados 4 anos, pouco foi realmente feito. A economia americana, antes estagnada, hoje se recupera a passos lentos, em parte devido aos esforços de Obama em reforçar acordos comerciais com países que sofreram menos os efeitos da crise, como o Brasil e outra lideranças do bloco dos "emergentes". Entretanto, o maior trunfo do presidente, e que possivelmente tenha sido seu passaporte para a reeleição, foi a morte do terrorista Osama Bin Laden, colocando fim a 10 anos de "busca" ao homem que arquitetou os atentados de 11 de setembro de 2001.

Ao observador externo, a União Européia parece uma maravilha , com suas riquezas cultural e financeira, além da unidade política e econômica . Entretanto, o que se vê dentro do bloco é uma situação muito diferente, com imensas desigualdades sociais, financeiras e políticas. O Euro, moeda criada para circular em todo bloco e para num futuro muito próximo substituir o dolar como "moeda oficial" das transações internacionais, rapidamente se tornou super valorizada e custosa para economias de menor porte que a adotaram substituindo suas moedas nacionais. Isto foi um dos fatores (além do próprio mal uso do dinheiro público) que causou grande endividamento destes países que, para manter a inflação sob controle e potencializar os lucros, precisavam fazer inúmeras manobras financeiras e contrair empréstimos de bancos internacionais como o BCE (Banco Central Europeu) e o FMI (Fundo Monetário Internacional).


Foi exatamente isto que aconteceu com maior intensidade com Grécia, Irlanda, Portugal, Espanha e Itália, países que adquiriram altas dívidas nos últimos anos para manter a máquina do Estado em funcionamento, e ficaram à beira da falência quando a crise se mostrou muito mais que um mero "ajuste técnico". Ou seja, o Estado gastou muito e mal, os bancos e investidores se enriqueceram com investimentos de altíssimo risco e, quando a fonte de dinheiro secou, quem acabou ficando com a conta foi mesmo o povo, com os famosos pacotes de "medidas de austeridade".


Apesar da União Européia ser composta por dezenas de países, é nítida a liderança política e econômica de Inglaterra, Alemanha e França, que para liberar empréstimos e autorizar a pernamência das nações em crise no bloco, impõe sérias restrições econômicas, que são respondidas com violentos cortes de investimentos fundamentais como educação e saúde, gerando insatisfação e ira entre a população. Na Grécia, por exemplo, violentas manifestações continuam acontecendo, com feroz repressão da polícia e do governo. Greves gerais  e enfrentamentos entre manifestantes e policiais na Grécia são uma constante nos noticiarios de hoje em dia, como se pode verificar nas fotos ao lado. Também na Itália o mafioso Silvio Berlusconi, metido em todo tipo de escândalo sexual, foi substituído pelo administrador Mario Monti, conhecido por sua eficiência em cortar custos onde for necessário.

Neste ponto cabe uma reflexão: para salvar bancos e empresas no começo da crise, os governos injetaram bilhões de dólares do dinheiro público na economia. Agora com estes mesmos governos em crise e quase falidos, de onde virá o dinheiro para socorro? É claro que já sabemos a resposta, é sempre o povo que acaba pagando com alta dos impostos 

Ironicamente, com os altos índices de desemprego no continente, o Brasil surge como um dos principais destinos de europeus afim de fazer seu "pé de meia", revertendo o fluxo migratório que dominou praticamente todo século XX. Se em 2008 os jornais noticiavam que brasileiros estavam sendo sumariamente barrados nos aeroportos espanhóis, agora são eles que precisam cumprir uma série de exigências para entrar no nosso país. Não é vingança, mas um sinal de novos ares na economia mundial.

Aqui entramos num outro ponto fundamental para entendermos a dinâmica  geopolítica do mundo atual, onde alguns países, antes considerados "3º mundo", despontam como futuras potências e conquistam cada vez mais influência nas decisões globais. Mas isso já é assunto do próximo post...

Espero que esse breve resumo de tema tão extenso e complexo tenha contribuído para uma maior assimilação deste tema, e me coloco à disposição para qualquer dúvida.

Abraço a todos!!

Alessandro Santana